O presidente Luiz Inácio Lula da Silva discursa nesta terça-feira na abertura da 80ª Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas (ONU), em Nova York, elevando a defesa da soberania nacional como ponto central de sua mensagem. A escolha do tema ganha contornos ainda mais relevantes diante das tensões recentes com os Estados Unidos, em especial no período da gestão de Donald Trump.
A narrativa brasileira destaca as tentativas de interferência dos EUA em processos judiciais internos, incluindo alegações de que Trump condicionou a retirada de sobretaxas a produtos brasileiros ao arquivamento de processos contra o ex-presidente Jair Bolsonaro no Supremo Tribunal Federal (STF). O governo brasileiro classificou essa postura como uma ingerência indevida, e Lula busca reforçar a imagem do Brasil como um país que não se curva a pressões externas e defensor de suas instituições democráticas.
Além da soberania, o discurso de Lula abordará a importância da democracia, a necessidade de fortalecer o multilateralismo e a urgência no combate à crise climática. O presidente deve aproveitar o momento para convidar líderes globais a participarem da COP30, conferência climática que será realizada em Belém, no Pará, em novembro. Outro ponto esperado é a defesa de um acordo de paz entre Rússia e Ucrânia, bem como a condenação dos ataques de Israel contra palestinos na Faixa de Gaza.
No âmbito do histórico de participações de Lula na ONU, destaca-se a defesa da reforma do Conselho de Segurança e o lançamento da iniciativa “Ação contra a Fome e a Pobreza” em seus primeiros mandatos. Em 2023, no seu retorno à ONU, Lula enfatizou temas como clima, fome e desigualdade, além de destacar a importância da Amazônia. Em 2024, reforçou a necessidade de reforma da governança mundial e combate à desinformação, ao extremismo e à erosão da democracia.
O cenário de tensão diplomática, agravado pelo “tarifaço” imposto por Trump, que atinge diversos setores e até impediu a participação do ministro da Saúde, Alexandre Padilha, em evento da OPAS, adiciona peso ao discurso de Lula. Diante desse contexto, espera-se que o presidente utilize a tribuna da ONU para reafirmar o compromisso do Brasil com a defesa da democracia, da soberania e do multilateralismo, sinalizando que o país não aceitará retaliações externas.