Operação no Alemão e na Penha: Confrontos Deixam Rastro de Mortes e Levantam Debate Sobre Letalidade Policial

Uma megaoperação policial deflagrada nos complexos do Alemão e da Penha, no Rio de Janeiro, na última terça-feira, resultou em um saldo alarmante: 60 suspeitos mortos em confronto com as forças de segurança, além da apreensão de um arsenal e da prisão de dezenas de criminosos. A ação, batizada de ‘Operação Contenção’, mobilizou 2,5 mil policiais civis e militares, evidenciando a complexidade do combate ao crime organizado na região.

O balanço oficial da operação aponta para a prisão de 81 criminosos, incluindo um líder identificado como ‘Belão’, e a apreensão de 93 fuzis, além de pistolas, granadas e mais de 500 quilos de drogas. Contudo, a descoberta de seis corpos de moradores em área de mata no Alemão, ainda não contabilizados como mortos na operação, eleva a tensão e suscita questionamentos sobre a letalidade da ação policial.

Caso se confirme que essas mortes ocorreram durante o confronto, o número de óbitos na operação alcançará 66, configurando a maior letalidade em operações policiais na história do Rio de Janeiro. A proximidade do Hospital Getúlio Vargas, na Penha, fez com que a unidade recebesse todos os mortos e feridos, enquanto moradores protestavam na entrada, relatando a existência de outros corpos na mata. A PM reforçou o policiamento no local para conter os ânimos.

Em defesa da operação, o Secretário de Segurança Pública, Victor dos Santos, destacou o planejamento cuidadoso e a inteligência empregada na ação. “Essa ação foi fruto de inteligência e de um planejamento cuidadoso para garantir resultados efetivos”, afirmou, ressaltando a dimensão da área abrangida e a população residente. O secretário também enfatizou a precisão das informações de inteligência, que levaram a múltiplos focos de confronto.

O Secretário da Polícia Militar, Coronel Marcelo de Menezes, por sua vez, enfatizou a presença ostensiva da corporação e a quantidade de armamento apreendido. “Empregamos força máxima nesta operação e o alto poder de fogo dos criminosos confirma a dificuldade que nossa tropa tem de avançar nesses terrenos com intensos confrontos”, declarou. Diante da escalada da violência, o Governador Cláudio Castro solicitou ao governo federal a transferência de líderes criminosos para presídios federais de segurança máxima, sinalizando uma postura de rigor no combate ao crime organizado: “O Rio de Janeiro não vai tolerar conivência nem complacência com o crime”.

A operação, resultado de um ano de investigação da Delegacia de Repressão a Entorpecentes (DRE), tinha como objetivo cumprir mandados de prisão e conter a expansão territorial da facção criminosa Comando Vermelho. No entanto, o alto número de mortes e a complexidade da situação reacendem o debate sobre as estratégias de segurança pública e os limites da atuação policial em áreas conflagradas.