Irã promete reconstruir instalações nucleares destruídas em meio a tensões com EUA e Israel

Em resposta aos recentes bombardeios de suas instalações nucleares por Estados Unidos e Israel durante um conflito de 12 dias em junho, o Irã anunciou que irá reconstruir as usinas com “maior capacidade”. A declaração foi feita pelo presidente iraniano, Masoud Pezeshkian, que garantiu que o país não busca desenvolver armas nucleares, reafirmando o caráter civil de seu programa atômico.

“A ciência reside na mente de nossos cientistas e não haverá nenhum problema com a destruição de edifícios e fábricas. Vamos reconstruir com maior capacidade”, afirmou Pezeshkian durante um encontro com executivos da indústria nuclear, segundo a agência de notícias IRNA. O presidente reiterou a fatwa (decreto religioso) do líder supremo Ali Khamenei, de 2003, que proíbe armas nucleares, reforçando o argumento de que o programa nuclear iraniano tem fins exclusivamente pacíficos.

As promessas de reconstrução surgem em um momento de alta tensão, com as negociações nucleares entre Irã e EUA estagnadas desde o conflito. O ministro das Relações Exteriores iraniano, Abbas Araghchi, expressou disposição para negociar e dissipar preocupações sobre o programa nuclear, mas rejeitou conversas diretas com os Estados Unidos e criticou as condições impostas por Washington para um acordo.

Araghchi classificou como inaceitáveis as exigências americanas de interrupção do enriquecimento de urânio e de limitação do programa de mísseis do Irã. “Nunca negociaremos nosso programa de mísseis e nenhum ator racional aceitaria se desarmar”, declarou o ministro, enfatizando que a política não alcançará o que a guerra não conseguiu.

O conflito de 12 dias, que incluiu ataques israelenses a alvos militares e nucleares iranianos, além de bombardeios dos EUA a instalações nucleares, deixou um rastro de destruição e interrompeu as negociações nucleares mediadas por Omã. Segundo Araghchi, mais de 400 quilos de urânio enriquecido a 60% ficaram enterrados nos locais atingidos, acentuando ainda mais as preocupações internacionais sobre as ambições nucleares do Irã.