Em Encontro com Trump, Lula Declara Bolsonaro ‘Passado’ e Detalha Plano de Golpe de 2022

Durante um encontro em Kuala Lumpur, na Malásia, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) assegurou a Donald Trump que o ex-presidente Jair Bolsonaro representa o “passado” da política brasileira. Lula enfatizou que suas conversas com Trump são sempre de cunho político, focadas nos interesses do Brasil, e não em questões pessoais. “Rei morto, rei posto”, afirmou o presidente, sinalizando uma mudança de era na política brasileira.

A reunião, que ocorreu no domingo (26), teve como foco principal as tarifas impostas pelos Estados Unidos ao Brasil. Contudo, Lula aproveitou a oportunidade para abordar temas adicionais, incluindo a situação de Bolsonaro. Trump mencionou o ex-presidente em uma carta sobre o “tarifaço”, alegando que ele sofreu perseguição da Justiça brasileira. Em resposta, Lula explicou que o julgamento de Bolsonaro se baseou em provas sólidas, sem qualquer interferência da oposição.

Lula também aproveitou o encontro para detalhar a gravidade do plano de golpe de Estado ocorrido no final de 2022. Ele relatou que o plano envolvia atentados contra o presidente eleito, o vice-presidente Geraldo Alckmin e o ministro Alexandre de Moraes. “Os envolvidos foram julgados com direito à defesa, algo que, segundo ele, não teve durante seu próprio processo”, disse Lula, estabelecendo um contraste entre os julgamentos.

Antes da reunião, Trump havia comentado sobre Bolsonaro de forma cautelosa. “Sempre gostei dele. Sempre gostei dele. Sinto-me muito mal pelo que aconteceu. Sempre achei que ele era um cara honesto, mas, sabe, ele passou por muita coisa”, disse Trump. Segundo fontes do governo brasileiro, Trump ouviu atentamente a explanação de Lula sobre o assunto, mas não respondeu diretamente.

Este encontro sublinha a estratégia do governo brasileiro de abordar temas sensíveis de política interna, como o golpe de 2022 e sanções a autoridades, no contexto das negociações econômicas e comerciais com os Estados Unidos. Ao manter o diálogo diplomático com o líder americano, o Brasil busca equilibrar interesses econômicos e políticos.