O vereador Rafael Araújo (PL), de Cianorte, no noroeste do Paraná, foi preso preventivamente nesta segunda-feira (8), investigado pela Polícia Civil (PC-PR) e denunciado pelo Ministério Público (MP-PR) por comercializar suplementos alimentares falsificados. O irmão dele, Rodrigo dos Santos Alves Correa, também foi detido por participação no esquema.
Laudos periciais confirmaram que as cápsulas vendidas pelo grupo continham sibutramina (inibidor de apetite), fluoxetina (antidepressivo), tadalafila (medicamento para disfunção erétil e hiperplasia prostática) e altas doses de cafeína — todas substâncias de uso controlado. Os frascos, porém, eram rotulados como suplementos naturais.
A defesa de Rafael e Rodrigo informou à RPC, afiliada da TV Globo, que ainda não teve acesso ao processo e que avaliará a legalidade da ação.
Operação Fake Fitness
Os irmãos são investigados no âmbito da operação Fake Fitness. Em outubro, mandados de busca e apreensão foram cumpridos nos endereços dos suspeitos, onde a polícia encontrou bulas, rótulos falsos, materiais de envase e distribuição de produtos sem registro na Anvisa. Uma arma de fogo também foi localizada no armário do vereador.
O MP-PR denunciou ambos por associação criminosa, falsificação, corrupção e adulteração de produtos terapêuticos ou medicinais. Rafael ainda responde por posse irregular de arma de fogo.
Os detidos foram encaminhados ao Departamento de Polícia Penal do Paraná (Deppen).
Posicionamento da Câmara Municipal
Em nota, a Câmara de Cianorte afirmou não ter sido notificada oficialmente sobre a prisão do vereador. O Legislativo destacou que já tramita, desde 4 de dezembro, um pedido de cassação do mandato de Rafael Araújo, que está sob análise da Corregedoria da Casa.
O Partido Liberal (PL) informou que o vereador será afastado da sigla até a conclusão das investigações.
Como funcionava o esquema
Segundo o inquérito, Rafael recebia cápsulas produzidas clandestinamente com substâncias controladas, fazia o envase e embalava as remessas. Os rótulos informavam apenas ingredientes naturais e utilizavam CNPJs de empresas idôneas, sem ligação com o grupo criminoso.
Rodrigo também colaborava no processo de embalagem e rotulagem, distribuindo as cápsulas sob diferentes marcas.
A venda era feita por redes sociais e aplicativos de mensagens.
Uma planilha analisada pela polícia aponta que Rafael enviou 1.049 remessas entre 24/07/2019 e 25/09/2025. Mesmo após a primeira fase da operação, os investigados teriam continuado a comercializar os produtos.
Outros investigados
Além dos irmãos, a denúncia do MP inclui Talita de Souza Ferreira, esposa de Rodrigo, e Kerllys Manoel Alves Pereira.
Talita não teve pedido de prisão informado, mas seu nome aparece em um dos CNPJs usados nas operações do grupo. Segundo o MP-PR, ela atuava na gestão financeira e na formalização documental do esquema.
Kerllys, apontado como responsável pela fabricação clandestina das cápsulas em Quirinópolis (GO), está foragido após ter prisão preventiva decretada.
Ambos constam no processo sem advogados constituídos.
fonte: g1.globo



