Podcast Pega Visão busca combater preconceitos e valorizar cultura hip-hop em Londrina

O Pega Visão, podcast que inaugura a RCC (Rede de Comunicação Comunitária) lançada pelo Portal Verdade em maio, chegou ao 8º episódio (acompanhe aqui) e promete muitos outros.

Nos últimos quatro meses, o programa produzido e apresentado por Marcinho e Balão, entrevistou ícones do movimento hip-hop. Ocuparam os microfones, desde nomes consagrados no cenário local como Abdallah, Cleópatra, DJ Damião Mileanos, a atriz pernambucana Brenda Lígia, o ator global Digão Ribeiro, entre outros.

“Tem sido incrível, ser orgânico nesse mundo virtual é um desafio, mas acho que estamos conseguindo nos superar. Tivemos algumas experiências incríveis, cada convidado/a é uma surpresa sempre muito boa”, avalia Marcinho que também é professor, membro do Centro de Direitos Humanos de Londrina e do Circuito Londrinense de Batalhas de Rima.

O podcast é gravado semanalmente no estúdio do Portal Verdade. Os episódios vão ao ar às segundas-feiras no canal do veículo no YouTube.

Com o slogan “a visão que os mídia não mostra”, o programa busca valorizar o movimento hip-hop ao mesmo tempo que deseja desnaturalizar preconceitos em torno desta expressão cultural ainda marginalizada.

“A cena do rap underground tanto em Londrina quanto no resto do Brasil é muito grande, e ela realmente conta a história da periferia”, ressalta Marcinho.

O docente compartilha que sua aproximação com o universo do hip-hop ocorreu em sala de aula, onde recorreu ao rap para ensinar poesia. A inspiração, segundo ele, veio dos próprios alunos.

“Depois que saí de Guaraci, conheci em Jaguapitã, dando aulas de literatura, uma forma de ensinar poesia através dos raps, uma vez que alguns alunos Vinicius Marques e João Vitor escreviam umas rimas inspirados nas batalhas de rima que eles viam pela internet, em meados de 2017”, lembra.

Após sua chegada em Londrina, o vínculo se fortaleceu ainda mais. Segundo Marcinho, além de um recurso didático, as rimas se apresentaram como um instrumento capaz de incentivar a consciência crítica. Fora da escola, Marcinho também se engajou na organização das batalhas.

“Quando cheguei em Londrina que lembrei de como foi transformador trabalhar as rimas das batalhas tanto para ensinar o lirismo, quanto para trabalhar o conceito de consciência crítica. Em Londrina, conheci as batalhas de rima e comecei a acompanhar e colaborar na parte burocrática”, conta.

Nos últimos dois anos, o professor tem atuado junto a outras lideranças no combate à criminalização do movimento hip-hop em Londrina. Para ele, o Pega Visão se soma a este movimento de resistência.  

“Junto a tudo conheci o Eliabe, meu querido amigo Balão e quando surgiu essa oportunidade junto ao Portal Verdade não pensei duas vezes em utilizar esse canal para enaltecer o rap de Londrina e do Brasil e denunciar as violências contra essa parcela populacional”, assinala.

Conforme informado pelo Portal Verdade, em Londrina, as batalhas de rima têm sido constante alvo de repressão policial (relembre aqui).

De acordo com ele, o Pega Visão pretende incidir diretamente sobre o cenário de repressão e violência, reafirmando as batalhas de rima e demais expressões culturais estigmatizadascomo formas legítimas de arte, convivência e protagonismo juvenil.

O Pega Visão busca atuar em três frentes principais:

Valorização cultural: fortalecendo o espaço das batalhas de rima como manifestações artísticas que promovem criatividade, identidade e pertencimento;

Diálogo social: criando pontes entre juventude, comunidade e poder público, mostrando que essas práticas não são ameaça, mas sim instrumentos de educação, expressão e cidadania;

Prevenção da violência: ao oferecer alternativas culturais e coletivas, o projeto contribui para reduzir estigmas, prevenir abordagens repressivas e estimular o respeito aos direitos dos jovens.

“O Pega Visão não só resiste à repressão, mas também transforma o cenário em oportunidade de empoderamento, visibilidade e reconhecimento das culturas periféricas”, conclui Marcinho.

 

Por Franciele Rodrigues/Portal Verdade