A recente aprovação, pelo Ibama, da licença para que a Petrobras realize perfurações exploratórias na Foz do Amazonas desencadeou uma onda de críticas e preocupação por parte de ambientalistas e organizações da sociedade civil. A decisão, anunciada nesta segunda-feira (20), é vista como um retrocesso e uma possível “sabotagem” aos esforços de preservação ambiental.
Essa autorização surge em um momento delicado, antecedendo a COP-30, conferência climática da ONU que será sediada no Brasil. Diante desse cenário, diversas entidades já manifestaram a intenção de recorrer à Justiça para tentar reverter a decisão, intensificando o debate sobre os impactos da exploração de petróleo na região.
A Petrobras, por sua vez, defende que a perfuração tem caráter exclusivamente exploratório, visando coletar informações geológicas para avaliar o potencial de petróleo e gás na área. A presidente da estatal, Magda Chambriard, classificou a aprovação como uma “conquista da sociedade brasileira”, ressaltando o compromisso da companhia com o desenvolvimento nacional e a maturidade das instituições.
Contudo, para os críticos, a medida contradiz o discurso do governo em relação às mudanças climáticas. Suely Araújo, coordenadora de políticas públicas do Observatório do Clima e ex-presidente do Ibama, argumenta que a decisão representa uma “dupla sabotagem”, tanto no plano nacional quanto internacional, prejudicando a imagem do Brasil na COP-30.
O climatologista Carlos Nobre, copresidente do Painel Científico para a Amazônia, engrossa o coro das críticas, afirmando que “não há justificativa para qualquer nova exploração de petróleo”. Ele alerta para a proximidade da Amazônia de um ponto de não retorno, ressaltando que o aumento das emissões pode acelerar o colapso do bioma.