Correios Buscam Respiro Financeiro com Empréstimo de R$ 20 Bilhões para Reestruturação

Os Correios deram um passo crucial para tentar reverter sua grave crise financeira. O Conselho de Administração da estatal aprovou um empréstimo de R$ 20 bilhões, visando impulsionar um plano de reestruturação abrangente. A decisão, tomada na sexta-feira e confirmada neste sábado, agora aguarda o aval do Tesouro Nacional, que atuará como garantidor da operação. A expectativa é que R$ 10 bilhões sejam liberados em 2025, seguidos por mais R$ 10 bilhões em 2026, divididos em duas parcelas.

A direção dos Correios enfatiza que os recursos serão destinados à recuperação do caixa, à regularização de pagamentos pendentes e ao financiamento do plano de reestruturação. A empresa projeta um prejuízo acumulado de até R$ 10 bilhões para este ano, o que torna o empréstimo, segundo a própria estatal, “indispensável” para estabilizar suas finanças. Os Correios enfrentam um cenário de sucessivos resultados negativos, com um rombo acumulado de R$ 6 bilhões até setembro, quase três vezes maior que no mesmo período do ano anterior.

A situação financeira delicada dos Correios tem gerado pressão sobre o governo federal, já impactado pela necessidade de contingenciamento de gastos para cumprir a meta fiscal. O prejuízo acumulado pelas estatais até outubro já se aproxima do pior resultado anual da série histórica, evidenciando a urgência de medidas para sanar as contas da estatal. Para tentar reverter o quadro, os Correios detalharam um plano de reestruturação dividido em três fases.

A primeira fase, focada na recuperação financeira em 2025, prevê a regularização de pagamentos, revisão de contratos, implementação de um Programa de Demissão Voluntária (PDV) e ajustes no plano de saúde dos funcionários. Na sequência, entre 2026 e 2027, a estatal busca reorganização e modernização, com o fechamento de até 1.000 agências deficitárias, venda de imóveis ociosos (com expectativa de arrecadar até R$ 1,5 bilhão) e investimentos em automação. A última fase, a partir de 2027, visa a retomada do crescimento, com novos modelos de negócio, parcerias e avanços tecnológicos, almejando o retorno ao lucro no mesmo ano.

O presidente dos Correios, Emmanoel Rondon, se mostra otimista quanto ao impacto do empréstimo e das medidas planejadas. Ele acredita que a injeção de recursos dará o fôlego necessário para que as ações surtam efeito a partir de 2026, permitindo que a estatal inicie um “ciclo de balanço positivo” a partir de 2027. As condições do crédito ainda não foram totalmente detalhadas, mas fontes do governo indicam uma taxa superior a 120% do CDI, considerada alta para operações com garantia da União. O consórcio de bancos envolvidos inclui Banco do Brasil, Citibank, BTG Pactual, ABC Brasil e Safra. Os Correios informaram que as negociações estão em andamento e que novas informações serão divulgadas oportunamente por canais oficiais.