Apesar de o Brasil ostentar uma das menores taxas de desemprego de sua história, um sentimento de insatisfação econômica permeia a população. Como conciliar esses dois cenários aparentemente contraditórios? A resposta reside, em grande parte, no aumento do custo de vida e na corrosão do poder de compra.
A inflação persistente, acima dos 5% nos últimos anos, impactou diretamente o poder aquisitivo dos brasileiros. A renda da maioria não acompanhou a escalada dos preços, gerando um cenário onde se trabalha mais para comprar menos. Essa disparidade entre o esforço laboral e a capacidade de consumo alimenta a frustração generalizada.
Diante desse quadro, muitos recorrem a trabalhos extras para complementar a renda, com destaque para os motoristas de aplicativo. Contudo, para um número crescente de profissionais, essa atividade se tornou a principal fonte de sustento, reflexo da dificuldade em encontrar oportunidades em suas áreas de formação. A crescente “uberização” do trabalho surge como um indicativo dessa nova realidade.
“A uberização do trabalho é uma das chaves para entender porque o desemprego é baixo, mas a insatisfação com a economia é alta”, aponta o artigo original. Nesse sentido, a precarização do trabalho, disfarçada por estatísticas de desemprego favoráveis, revela a necessidade urgente de se medir a qualidade do emprego, para além da simples contagem de postos de trabalho ocupados.
Enquanto o foco permanece apenas nos números do desemprego, a real situação econômica da população, marcada pela insegurança e pela busca incessante por complementos de renda, permanece obscurecida. A solução passa por uma análise mais aprofundada do mercado de trabalho, considerando a qualidade das oportunidades e o poder de compra dos trabalhadores.



