As relações entre Israel e Espanha atingiram um novo patamar de tensão após o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, acusar o líder espanhol, Pedro Sánchez, de incitar o genocídio contra Israel. A acusação, divulgada na quinta-feira, provocou uma resposta imediata e indignada do governo espanhol, elevando a crise diplomática entre os dois países.
A ministra da Defesa espanhola, Margarita Robles, reagiu veementemente às declarações de Netanyahu, questionando a legitimidade do primeiro-ministro israelense em dar lições a outros países, dadas as ações de Israel em Gaza. “Fico surpresa que alguém como Netanyahu… se dê ao luxo de dar lições a outros países”, afirmou Robles, em declarações à emissora Antena 3.
O gabinete de Netanyahu justificou a acusação com base em declarações anteriores de Sánchez, nas quais o primeiro-ministro espanhol mencionou a incapacidade da Espanha de deter o conflito em Gaza por não possuir armas nucleares. Essa afirmação foi interpretada pelo governo israelense como uma “ameaça genocida flagrante contra o único Estado judeu do mundo”.
Em resposta, o Ministério das Relações Exteriores da Espanha emitiu um comunicado refutando as acusações, classificando-as como “falsas e caluniosas”. O governo espanhol reiterou sua amizade tanto com o povo de Israel quanto com o povo da Palestina, buscando amenizar as tensões geradas pelas declarações de Netanyahu.
Este incidente ocorre em um momento já delicado nas relações bilaterais. Após o anúncio de medidas por Sánchez em relação a Gaza, a Espanha chamou para consultas sua embaixadora em Tel Aviv. Israel, por sua vez, já não possui embaixador em Madri desde o reconhecimento do Estado da Palestina pelo governo espanhol em maio de 2024, demonstrando o crescente distanciamento entre os dois países. Sánchez tem sido uma das vozes mais críticas na Europa em relação às ações militares de Israel em Gaza.