O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, defendeu a concessão de “vitórias” aos Estados Unidos em negociações tarifárias, visando benefícios para o Brasil. A declaração, feita durante um evento em São Paulo, gerou controvérsia e provocou reação imediata do governo federal, expondo divergências na condução da política comercial. A proposta de Tarcísio reacende o debate sobre o alinhamento estratégico do Brasil com potências globais.
Segundo Tarcísio, o gesto de ceder em algumas demandas poderia abrir caminho para a redução de tarifas americanas sobre produtos brasileiros chave como máquinas, equipamentos, café, pneus, proteína animal e pescado. Ele sugeriu, inclusive, a substituição de importações de combustíveis russos por fornecedores dos EUA como um exemplo de concessão estratégica que poderia render frutos. A estratégia, segundo o governador, seria uma forma de capitalizar a inclinação do ex-presidente Donald Trump em “colecionar vitórias”.
A ministra das Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann, criticou duramente a proposta, afirmando que a “soberania nacional não é algo para se dar de presente”. Em suas redes sociais, a ministra questionou o alinhamento de Tarcísio com “banqueiros e bilionários”, sugerindo que suas propostas estariam desalinhadas com os interesses do país e da população. A polêmica reacende tensões políticas entre o governo federal e o governo de São Paulo.
A defesa de Tarcísio por um alinhamento mais próximo com os EUA não é nova. Durante a campanha eleitoral americana, o governador chegou a demonstrar apoio a Donald Trump, usando um boné com o slogan “Make America Great Again”. Parlamentares da oposição também defendem um reposicionamento institucional que facilite acordos comerciais com os Estados Unidos.
Em contrapartida, o governo federal tem reafirmado sua posição de não ceder em negociações bilaterais, priorizando uma abordagem multilateral nas relações econômicas e comerciais. A estratégia do governo é manter a busca por acordos que beneficiem o Brasil em um contexto global, sem concessões unilaterais. O futuro das negociações comerciais com os EUA permanece incerto, com visões divergentes entre atores políticos importantes.