Sob o Terror da Noite: Gazaenses Relatam Bombardeios Intensos e Temem por suas Vidas

Moradores de Gaza vivem sobressaltados, com o medo constante de novos bombardeios israelenses. Após uma série de ataques aéreos que, segundo a Defesa Civil local, resultaram em pelo menos 16 mortes no último domingo, o sentimento de insegurança se intensificou, especialmente durante a noite. “Nós temos medo da noite, de dormir em nossas barracas”, desabafa Iman Rajab, residente de Gaza, refletindo o terror generalizado.

Os ataques noturnos atingiram diversas áreas da Faixa de Gaza, incluindo a Cidade de Gaza, onde Israel se prepara para uma ofensiva de grande escala. O objetivo declarado é neutralizar o Hamas. Rajab, que vive em um acampamento de deslocados no bairro de Maqusi, expressa o desejo de muitos: “Rezamos a Deus para que a guerra termine, estamos cansados dos deslocamentos, temos medo e fome”.

Ao amanhecer, a fumaça pairava sobre a Cidade de Gaza, testemunhando a violência da noite anterior. No necrotério do Hospital Al Chifa, famílias enlutadas se despediam de seus entes queridos. A Defesa Civil reportou que entre as 16 vítimas dos ataques recentes, dez estavam próximas a centros de distribuição de ajuda humanitária.

O Exército israelense afirmou estar investigando as denúncias, ressaltando a dificuldade em verificar informações sem detalhes precisos sobre horários e coordenadas. A AFP, devido às restrições de acesso e à situação complexa em Gaza, não pôde confirmar de forma independente o balanço divulgado pela Defesa Civil.

A guerra em Gaza, desencadeada pelo ataque do Hamas a Israel em outubro de 2023, já se estende por quase dois anos. O ataque inicial resultou em 1.219 mortes em Israel, a maioria civis, e na captura de 251 reféns. Estima-se que 20 dos 47 reféns ainda em cativeiro em Gaza estejam vivos. A resposta militar israelense já causou mais de 63.400 mortes em Gaza, em sua maioria civis, de acordo com o Ministério da Saúde local, cujos dados são considerados confiáveis pela ONU.

Israel planeja tomar a Cidade de Gaza, considerada um dos últimos redutos do Hamas. Embora não tenha emitido uma ordem formal de evacuação, o Exército israelense declarou que a saída dos moradores da cidade é “inevitável”. A ONU relata que muitos habitantes de Gaza já foram deslocados diversas vezes e que os quase dois milhões de residentes vivem sob cerco israelense há mais de 22 meses.