Senado pede prisão preventiva de Ciro Gomes por violência política de gênero contra prefeita do Ceará

A Advocacia do Senado Federal elevou a tensão política ao solicitar, nesta quinta-feira (4), a prisão preventiva do ex-governador Ciro Gomes (PDT). A medida, formalizada em ação eleitoral, visa proteger a prefeita de Crateús (CE), Janaína Farias (PT), de alegados atos contínuos de violência política de gênero. O caso, que se desenrola em meio a acusações e defesas acaloradas, reacende o debate sobre os limites da liberdade de expressão no contexto político.

De acordo com o documento protocolado, Ciro Gomes teria persistido em práticas ofensivas contra Janaína Farias, mesmo após condenação anterior por fatos semelhantes. A Advocacia do Senado argumenta que as postagens recentes do ex-governador em redes sociais configuram reiteração de conduta lesiva, justificando a necessidade urgente de medidas para coibir novas agressões e garantir a segurança da vítima.

“A existência de ação penal não foi suficiente para desestimular o réu, que prossegue em sua senda delituosa contra a mulher”, destaca um trecho do pedido de prisão preventiva. Diante desse cenário, a Advocacia do Senado enfatiza que apenas medidas cautelares rigorosas ou, em último caso, a prisão preventiva seriam capazes de assegurar a integridade da prefeita.

Alternativamente à prisão, a Advocacia do Senado propõe a aplicação de medidas cautelares, como a proibição de contato entre Ciro e Janaína, a manutenção de uma distância mínima de 500 metros, a vedação de novas ofensas e o comparecimento periódico de Ciro Gomes à Justiça por um período de 90 dias. A prefeita Janaína Farias, por sua vez, reiterou em nota que considera as ações de Ciro Gomes como crime de violência política de gênero, ressaltando sua confiança na atuação célere e rigorosa da Justiça.

A defesa de Ciro Gomes, liderada pelo advogado Walber Agra, questiona a legitimidade do Senado em protocolar a ação, argumentando que Janaína Farias ocupa atualmente o cargo de prefeita, e não de senadora. Agra defende ainda que as declarações de Ciro se enquadram no exercício legítimo da liberdade de expressão e configuram críticas políticas, negando a reiteração de condutas lesivas. O caso, que será analisado pela 115ª Zona Eleitoral de Fortaleza, promete gerar intensos debates jurídicos e políticos.

O histórico do caso revela que as desavenças entre Ciro Gomes e Janaína Farias remontam a 2024, quando o ex-governador proferiu declarações ofensivas contra a então senadora interina. Na ocasião, Ciro chamou Janaína de “cortesã” e “assessora para assuntos de alcova”, além de insinuar seu envolvimento em recrutamento de mulheres para serviços sexuais em eventos políticos, o que resultou em condenação ao pagamento de R$ 52 mil de indenização. Em agosto de 2025, Ciro voltou a atacar a prefeita durante o aniversário do ex-prefeito de Fortaleza, Roberto Cláudio, reacendendo a polêmica.

Janaína Farias manifestou-se nas redes sociais, afirmando: “Mais uma vez, sou atacada covardemente pelo senhor Ciro Gomes, figura conhecida por agredir moralmente as pessoas e, principalmente, as mulheres. Inclusive, ele já foi condenado por ataques desse tipo. Um misógino, que, cada vez mais, diante de seu fracasso político, busca atingir a honra das pessoas, de forma irresponsável e inconsequente”. A tramitação do caso prossegue, com a Advocacia do Senado insistindo na importância das medidas cautelares para proteger a prefeita e garantir a efetividade da Justiça.