Rejeição da PEC da Blindagem Incendeia Relação entre Câmara e Senado: Retaliação à Vista?

A rejeição unânime da PEC da Blindagem pelo Senado Federal deflagrou uma crise no Congresso Nacional. Deputados federais expressaram forte descontentamento e já articulam possíveis retaliações contra a Casa Alta, sinalizando um clima de crescente tensão entre as duas instâncias do Poder Legislativo. Nos bastidores, o sentimento é de desrespeito, com parlamentares cobrando uma postura mais incisiva do presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), em defesa dos interesses da Casa.

Diante do revés, a Câmara dos Deputados estuda retaliar o Senado. Atrasar a tramitação de projetos de interesse dos senadores e intensificar investigações da CPMI do INSS contra parlamentares da outra Casa são algumas das estratégias em análise. O objetivo, segundo fontes internas, é explicitar o descontentamento da Câmara e demonstrar que a quebra de um suposto acordo não será tolerada.

“Em algum momento, o Senado vai precisar dos deputados e os deputados não estarão aqui para eles”, declarou um deputado do Centrão ao G1, evidenciando o clima de animosidade. A situação se agrava com a divergência entre Motta, que minimiza o episódio, e deputados que afirmam ter havido um compromisso prévio do presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP), em aprovar a PEC.

Embora aliados de Motta reconheçam a existência de um acordo, ressaltam que o perfil do presidente da Câmara não é de promover confrontos públicos. A rejeição da PEC, influenciada por senadores como Otto Alencar (PSD-BA), presidente da CCJ, acirrou os ânimos. A proposta, que visava dificultar a prisão e o processo penal de parlamentares, foi apelidada de “PEC da Bandidagem” por alguns senadores, elevando ainda mais a temperatura do debate.

Parlamentares relatam que a tensão entre as Casas é a maior já vista, superando inclusive momentos críticos em gestões anteriores. A derrota na votação da PEC da Blindagem pode ter um impacto duradouro na relação entre Câmara e Senado, com reflexos imprevisíveis para a agenda legislativa do país.