O líder do PSB na Câmara, deputado Pedro Campos (PE), acusou o PL de priorizar a anistia para o ex-presidente Jair Bolsonaro em detrimento dos demais envolvidos nos atos de 8 de Janeiro. Segundo o parlamentar, a mobilização do partido se intensifica apenas quando o próprio Bolsonaro enfrenta riscos legais. “Essa temperatura só sobe quando Bolsonaro está em risco”, declarou Campos em entrevista à Folha de S.Paulo.
Campos criticou o que considera um abandono de Bolsonaro aos seus apoiadores, relembrando que o ex-presidente chegou a classificar os manifestantes como “baderneiros e malucos” após os eventos em Brasília. Para o deputado, o interesse pela anistia só ressurgiu quando o processo contra Bolsonaro se aproximou do julgamento, demonstrando uma preocupação seletiva com o tema.
“Aquelas pessoas sempre foram usadas por ele. Se elas forem esperar por Bolsonaro para serem soltas, não vão ser soltas nunca”, afirmou o socialista, referindo-se aos presos pelos atos de 8 de Janeiro. A recente articulação em torno da anistia, que envolve aliados de Bolsonaro e o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, também foi alvo de comentários.
Campos avalia que Tarcísio busca capitalizar sobre o eleitorado bolsonarista para a eleição presidencial de 2026, mas pode enfrentar resistências. “Ele virou candidato do centrão e da elite antes de virar candidato de Bolsonaro. Agora corre atrás de quem tem mais voto, que é o próprio Bolsonaro”, analisou o deputado.
A discussão sobre a anistia deve ocorrer em breve na Câmara, com a oposição ameaçando obstruir as votações caso o tema não seja pautado. A Constituição não proíbe explicitamente a anistia para crimes contra a democracia, mas o STF possui jurisprudência consolidada que restringe a aplicação desse benefício a esse tipo de delito.
