A Polônia ativou o Artigo 4 do tratado da OTAN nesta quarta-feira, solicitando consultas urgentes com os demais membros da aliança. A medida foi tomada em resposta a repetidas incursões de drones, supostamente ligados à Rússia, em seu espaço aéreo durante ataques na Ucrânia. Varsóvia reportou ao menos 19 violações, elevando a tensão na região.
O Artigo 4 prevê consultas entre os 32 países da OTAN quando um membro se sente ameaçado, embora não autorize uma resposta militar imediata. Esta é a sétima vez que o artigo é invocado desde a criação da OTAN em 1949. Em 2022, a Polônia já havia recorrido ao mecanismo após a queda de um míssil em seu território, incidente que resultou em duas mortes.
Caças da OTAN, incluindo F-16 poloneses e F-35 holandeses, foram mobilizados e derrubaram drones que cruzaram a fronteira. Quatro aeroportos, incluindo os de Varsóvia, foram temporariamente fechados por precaução. Apesar dos danos materiais, não houve vítimas graves. O primeiro-ministro polonês, Donald Tusk, classificou o episódio como uma “provocação em grande escala”, alertando que o país “nunca esteve tão perto de um conflito armado desde a Segunda Guerra Mundial”.
Líderes europeus manifestaram preocupação e condenaram a violação do espaço aéreo polonês. A presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, classificou o incidente como “sem precedentes” e reafirmou o compromisso de defender “cada centímetro quadrado” do território da União Europeia. O presidente francês, Emmanuel Macron, considerou o caso “simplesmente inaceitável”, enquanto o premiê britânico, Keir Starmer, classificou a ação como “extremamente inconsequente”.
O secretário-geral da OTAN, Mark Rutte, considerou o incidente “irresponsável e perigoso”, independentemente de sua intencionalidade, e instou Moscou a cessar as provocações. A Rússia, por sua vez, negou qualquer responsabilidade, alegando que seus ataques na Ucrânia visam exclusivamente alvos militares e que os drones não teriam alcance para atingir a Polônia. O Kremlin acusou Varsóvia de apresentar “alegações infundadas”.
Caso os aliados da OTAN concluam que houve um ataque deliberado, o episódio pode levar à ativação do Artigo 5, que prevê defesa coletiva e autoriza uma resposta militar conjunta. No entanto, essa possibilidade não foi discutida na reunião emergencial desta quarta-feira. A situação permanece tensa, com a Polônia e seus aliados monitorando de perto os acontecimentos.
