Pais e professores denunciam merenda precária em creche do Paraná: “Passando fome”

A falta de alimentos em creches e escolas da rede municipal de Araucária, na Região Metropolitana de Curitiba, tem gerado preocupação entre pais, responsáveis e professores. Denúncias apontam que, em algumas unidades, a merenda não tem sido suficiente para atender todas as crianças. No CMEI Sônia Regina Tupi, que atende mais de 110 alunos, a situação teria chegado ao limite na última quinta-feira (28).

De acordo com uma professora da unidade, a ausência de carnes e outras fontes de proteína obrigou a cozinha a servir apenas uma dúzia de ovos para todas as crianças. Isso resultou em porções muito pequenas e impossibilidade de repetição.

Em mensagens compartilhadas em um grupo de professores e pais, às quais a reportagem teve acesso, uma docente relatou a precariedade e pediu apoio para denunciar a situação:

“As meninas da cozinha incrementaram com legumes para aumentar a quantidade, para que não faltasse para nenhuma criança! Não entregaram a proteína”.

Familiares relatam indignação e desespero. Silmara Fernandes, avó de uma das alunas, fez um apelo emocionado:

“Tem 119 crianças e eles estão, desde março, passando fome na creche aqui de Araucária. Desde fevereiro e março está assim, e até agora as crianças continuam nessa necessidade. As professoras já não aguentam mais, tiraram foto e me mostraram. Eu, sendo avó da minha neta, ver todas as crianças magrinhas… o que é isso, gente?”, desabafou.

Segundo os relatos, o problema não é recente. Desde o início do ano, pais e professores têm acionado as autoridades, mas até o momento a situação não foi resolvida.

O que diz a Prefeitura?

A Secretaria Municipal de Educação (SMED) reconheceu falhas no fornecimento e informou que os problemas foram causados por empresas responsáveis pela entrega de alimentos.

Dos três fornecedores de carne contratados na gestão anterior, dois deixaram de entregar os produtos, e o único ativo não conseguiu atender a demanda da rede municipal. Isso resultou em atrasos e na falta de proteínas em diversas unidades.

Ainda conforme a SMED, as empresas que descumpriram os contratos foram notificadas e sofrerão penalidades.

Para reduzir o impacto, a Prefeitura informou que realizou uma contratação emergencial que garantirá o fornecimento de carne vermelha já a partir desta sexta-feira (29). Além disso, outro contrato emergencial está sendo preparado para regularizar a entrega de frango, peixe e ovos.

O município reforçou que não há falta de recursos financeiros, mas sim falhas no processo de fornecimento.