New York Times: Condenação de Bolsonaro Expõe Fragilidade da Democracia Americana

Um artigo de opinião publicado no influente jornal The New York Times (NYT) gerou repercussão ao contrastar a resposta das instituições brasileiras à tentativa de anulação eleitoral de Jair Bolsonaro com a alegada inação nos Estados Unidos em relação a Donald Trump. Assinado por Steven Levitsky e Filipe Campante, autores do livro “Como as Democracias Morrem”, o texto argumenta que o Brasil demonstrou maior vigor na defesa de seu sistema democrático.

Os autores destacam que a condenação de Bolsonaro por crimes relacionados a um golpe de Estado representa um exemplo de responsabilização que, segundo eles, não encontrou paralelo nos Estados Unidos. A análise traça um paralelo direto com as ações de Trump após a derrota nas eleições de 2020, incluindo a instigação à invasão do Capitólio em 6 de janeiro de 2021.

“O Supremo Tribunal Federal brasileiro fez o que o Senado dos EUA e os tribunais federais tragicamente falharam em fazer: levar à justiça um ex-presidente que atacou a democracia”, afirmam os professores Levitsky e Campante. O artigo lamenta a suposta falta de punição a Trump pelas instituições americanas, contrastando com a atuação da justiça brasileira.

Além disso, o artigo do NYT critica as ações do governo Trump em relação ao Brasil, interpretando-as como uma tentativa de subverter uma das democracias mais importantes da América Latina. Os autores mencionam as tarifas comerciais impostas e as sanções contra o ministro Alexandre de Moraes como exemplos de uma política que se distancia da tradição americana na região desde o fim da Guerra Fria.

Os autores concluem alertando para a importância da vigilância constante na defesa da democracia, citando o exemplo dos movimentos autoritários na Europa das décadas de 1920 e 1930. “As democracias não podem se defender. Elas precisam ser defendidas”, enfatizam Levitsky e Campante, ressaltando a necessidade de líderes que exerçam os freios constitucionais para evitar o avanço de ameaças autoritárias.