Em um discurso carregado de tensão na Assembleia Geral da ONU, o primeiro-ministro israelense Benjamin Netanyahu criticou o crescente reconhecimento internacional de um Estado palestino, descrevendo a medida como um “suicídio nacional” para Israel. Ele também reafirmou seu compromisso de concluir as operações militares em Gaza “o mais rápido possível”, em falas que contrastaram com o otimismo do ex-presidente americano Donald Trump sobre um possível acordo de paz.
Netanyahu, em um gesto dramático, dirigiu-se diretamente aos reféns mantidos pelo Hamas, revelando que seu discurso estava sendo transmitido ao vivo em Gaza através de alto-falantes instalados pelas forças israelenses. “Não descansaremos até trazê-los para casa”, prometeu, ao mesmo tempo em que acusava a comunidade internacional de tolerar o que chamou de “mentiras antissemitas”. O discurso ocorreu em meio a um crescente isolamento diplomático de Israel, com diversos países anunciando o reconhecimento do Estado palestino.
A sessão na ONU testemunhou um esvaziamento notável durante a fala de Netanyahu, com muitas delegações se retirando em protesto. Apesar do boicote, o primeiro-ministro exibiu cartazes detalhando o desmantelamento do que chamou de “eixo do mal” liderado pelo Irã, citando ataques a instalações nucleares iranianas e ações contra líderes do Hezbollah e do Hamas. Ele insistiu que Israel já destruiu grande parte da infraestrutura terrorista do Hamas e está determinado a concluir sua missão em Gaza.
Netanyahu argumentou que a Autoridade Palestina é inerentemente corrupta e que suas declarações de desejo por coexistência pacífica com Israel não são genuínas. Essa declaração vem um dia após o discurso do líder da Autoridade Palestina, Mahmoud Abbas, na mesma assembleia, onde ele afirmou que o Hamas não terá papel na governança de um futuro Estado palestino e que o grupo deverá entregar suas armas à Autoridade Nacional Palestina.
Enquanto isso, Donald Trump, em Washington, afirmou acreditar que um acordo está próximo. “Acho que temos um acordo que nos permitirá recuperar os reféns e encerrar a guerra”, disse Trump, que teria apresentado um plano de paz de 21 pontos a países árabes, incluindo um cessar-fogo permanente, a libertação de reféns e a retirada israelense de Gaza. A ofensiva israelense em Gaza já resultou em mais de 65.400 mortes de palestinos, segundo o Ministério da Saúde de Gaza.
Do lado de fora da sede da ONU, manifestantes protestavam contra a presença de Netanyahu, que enfrenta um mandado de prisão do Tribunal Penal Internacional por acusações de crimes de guerra e crimes contra a humanidade. O Hamas, por sua vez, interpretou o boicote ao discurso de Netanyahu como um sinal do crescente isolamento internacional de Israel devido à guerra em Gaza.