Ministro da Saúde cancela viagem aos EUA após restrições consideradas ‘injustas’ pelo governo Trump

O ministro da Saúde, Alexandre Padilha, cancelou sua viagem aos Estados Unidos devido a severas restrições impostas pelo governo de Donald Trump. Embora autorizado a participar da Assembleia-Geral da ONU em Nova York, sua circulação seria limitada a um raio de poucos quarteirões, compreendendo apenas o hotel, a sede da ONU e a missão brasileira.

Padilha classificou as restrições como desrespeitosas com o Brasil e com o tratado internacional que rege a relação da ONU com o país-sede. Além disso, a medida inviabilizaria sua participação em uma reunião da Organização Pan-Americana da Saúde (Opas) em Washington. Em carta à Opas, o ministro considerou a medida “arbitrária e autoritária”, destacando a cassação do visto de sua esposa e filha.

A decisão de Padilha de não viajar é considerada definitiva, a menos que as restrições sejam retiradas, o que é visto como improvável. Com isso, ele não integrará a comitiva do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que embarca para os EUA neste domingo. O chanceler Mauro Vieira criticou a postura americana, chamando-a de “injusta e absurda”.

O Itamaraty já acionou o secretário-geral da ONU, António Guterres, e a presidente da Assembleia-Geral, Annalena Baerbock, solicitando intervenção junto ao governo norte-americano. Diplomatas brasileiros classificaram o episódio como humilhante, apontando que medidas similares são geralmente aplicadas apenas a representantes de países considerados hostis, como Irã e Coreia do Norte.

Este incidente se soma a outros atritos recentes entre Brasil e Estados Unidos, incluindo a imposição de tarifas de 50% sobre produtos brasileiros e a suspensão de vistos de autoridades do governo Lula e do Judiciário, elevando a tensão diplomática entre os dois países.