MDB Quer Motta no Lugar de Lira em Reorganização da Base Governista: ‘É Só um Ex-Presidente’

Em meio a uma reformulação da base governista no Congresso, o líder do MDB, Isnaldo Bulhões, defendeu a participação do presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), no processo. O objetivo, segundo Bulhões, é identificar deputados de centro leais ao governo que “mereçam” ocupar cargos em ministérios, órgãos governamentais, autarquias ou bancos estatais. A declaração marca uma crítica à influência que o ex-presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), ainda exerce na distribuição de cargos no governo.

“Lira é só um ex-presidente”, disparou Bulhões em entrevista à Jovem Pan, sinalizando um desejo de mudança na dinâmica de poder em Brasília. A reorganização da base ocorre após a derrota do governo na votação da medida provisória que taxava aplicações financeiras, expondo uma fragilidade que ameaça o orçamento do próximo ano. A estratégia agora é atrair deputados individualmente, buscando apoio sem depender tanto das lideranças partidárias tradicionais.

Essa nova abordagem do governo, no entanto, enfrenta resistência de integrantes do União Brasil e PP. Eles alertam que as recentes demissões no segundo e terceiro escalão, embora não atinjam ministros ou presidentes de autarquias, podem irritar ainda mais os deputados, diminuindo seus incentivos para votar a favor do Palácio do Planalto. Para esses parlamentares, a perda de cargos pode impactar negativamente as articulações locais para as eleições de 2026, já que muitas nomeações eram direcionadas aos estados.

Líderes governistas, por outro lado, acreditam que a demonstração de que as ameaças de demissão são reais pode, paradoxalmente, reaproximar deputados antes distantes. A aposta é que a nova configuração da base, com menos influência das antigas lideranças, permitirá uma negociação mais direta e eficiente com os parlamentares.

A disputa pela influência na base governista expõe as tensões entre diferentes forças políticas e revela as dificuldades do governo em construir uma maioria sólida no Congresso. Resta saber se a estratégia de atrair deputados individualmente será suficiente para garantir a governabilidade e aprovar as pautas prioritárias do Palácio do Planalto.