Sérgio de Magalhães Gomes Jaguaribe, o lendário Jaguar, ícone do humor gráfico brasileiro e um dos fundadores do emblemático jornal *O Pasquim*, faleceu neste domingo, aos 93 anos, no Rio de Janeiro. O cartunista estava internado no hospital Copa D’Or, lutando contra uma pneumonia, conforme confirmado por sua esposa, Celia Regina Pierantoni. Sua morte representa uma grande perda para o jornalismo e a cultura do país.
Nascido em 29 de fevereiro de 1932, no Rio de Janeiro, Jaguar trilhou uma carreira notável, que se iniciou na década de 1950, com seus desenhos publicados na revista *Manchete*. O pseudônimo, que o consagrou, foi uma sugestão do também cartunista Borjalo. Inicialmente, ele equilibrava sua paixão pelo humor com o trabalho no Banco do Brasil, incentivado pelo cronista Sérgio Porto a manter a estabilidade.
Jaguar solidificou sua posição como um dos principais nomes da imprensa nacional nos anos 1960, colaborando com diversas revistas e jornais, como *Senhor*, *Civilização Brasileira*, *Pif-Paf*, *Última Hora* e *Tribuna da Imprensa*. Em 1968, lançou o livro *Átila, você é bárbaro*, uma crítica bem-humorada à violência e ao preconceito, aclamado por Paulo Mendes Campos como “um livro de poemas gráficos”.
Em 1969, ao lado de Tarso de Castro e Sérgio Cabral, Jaguar deu vida a *O Pasquim*, um jornal satírico que se tornou um símbolo de resistência contra a ditadura militar. O semanário reuniu grandes nomes como Millôr Fernandes, Ziraldo, Henfil, Paulo Francis e Sérgio Augusto. Jaguar não apenas batizou o jornal, mas também criou o memorável mascote Sig, um rato inspirado em Freud, e permaneceu na equipe original até a última edição, em 1991.
Durante o período da ditadura, Jaguar enfrentou a prisão por três meses, sendo libertado na noite de Réveillon de 1970. Com um traço característico e incisivo, ele transformou o humor em uma crônica política e social do Brasil. Além de suas contribuições para *Jornal do Brasil* e *O Estado de S. Paulo*, Jaguar criou personagens que se tornaram ícones da cultura carioca. Sua trajetória foi reconhecida com prêmios como o Troféu HQ Mix na categoria “Grande Mestre”.
Conhecido por seu humor ácido e irreverente, Jaguar, mesmo após deixar de beber aos 82 anos, após descobrir um tumor no fígado, não perdeu o espírito. Em 2014, em entrevista ao *Globo*, ele brincou: “Agora, só cerveja sem álcool. Quer dizer, tem 0,5% de álcool. De 0,5 em 0,5, a gente pode chegar a um resultado expressivo”. Jaguar deixa a esposa, Celia Regina, e a filha, Flávia Savary.