Em Nova York, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva encabeça nesta quarta-feira um fórum crucial na Organização das Nações Unidas (ONU), reunindo líderes do Chile, Colômbia, Espanha e Uruguai. O objetivo central é o debate e o fortalecimento de estratégias para a defesa da democracia global e o combate ao crescimento do extremismo. O evento ocorre em paralelo à 80ª Assembleia Geral da ONU, palco de discussões acaloradas sobre o futuro da governança mundial.
A agenda do fórum abrange temas como o fortalecimento do multilateralismo, essencial para a resolução de crises globais, e a luta contra a desinformação, o discurso de ódio e o extremismo, ameaças crescentes às democracias. A expectativa é que representantes de aproximadamente 30 países participem ativamente das discussões, buscando soluções conjuntas para os desafios contemporâneos. Curiosamente, os Estados Unidos não foram convidados para esta edição do evento.
Ao contrário de 2024, quando os EUA marcaram presença, desta vez os organizadores optaram por não convidar o país. Segundo auxiliares de Lula, a gestão de Donald Trump também não demonstrou interesse em participar. A ausência americana adiciona uma camada extra de interesse ao fórum, especialmente considerando o papel histórico dos EUA na promoção da democracia em âmbito global.
O evento é fruto de uma articulação entre Lula e os presidentes Gabriel Boric (Chile), Pedro Sánchez (Espanha), Gustavo Petro (Colômbia) e Yamandú Orsi (Uruguai), todos presentes em Nova York para a Assembleia Geral da ONU. A abertura da Assembleia, na terça-feira, contou com um discurso de Lula, marcando a posição do Brasil no cenário internacional.
No mesmo dia, Trump surpreendeu ao revelar um breve encontro com Lula, descrevendo a experiência como positiva. “Ele parece um cara muito legal, ele gosta de mim e eu gostei dele. E eu só faço negócios com gente de quem eu gosto. Por 39 segundos, nós tivemos uma ótima química, e isso é um bom sinal”, declarou Trump, criando expectativas sobre um possível futuro alinhamento.
Apesar do tom amistoso, o Itamaraty adota uma postura cautelosa em relação a um possível encontro bilateral, visando evitar constrangimentos. Diplomatas brasileiros estão trabalhando na preparação de um encontro, possivelmente por telefone ou videoconferência, na próxima semana. A iniciativa busca garantir um diálogo produtivo e evitar as dificuldades enfrentadas por outros líderes em encontros anteriores com Trump, como Volodymyr Zelensky e Cyril Ramaphosa.
A viagem de Lula aos Estados Unidos marca seu primeiro deslocamento ao país desde a posse de Trump, em janeiro, ocorrendo em um momento de tensão diplomática. A imposição de uma tarifa de 50% sobre produtos brasileiros por Washington, em retaliação ao julgamento e condenação de Jair Bolsonaro, exacerbou a crise entre os dois países.
Na abertura da Assembleia Geral, Lula reafirmou a defesa intransigente da democracia e da soberania brasileiras. Ele classificou como “inaceitável” qualquer agressão ao Judiciário, criticou “falsos patriotas” e rejeitou a possibilidade de anistia para aqueles que atentam contra a democracia, sinalizando o tom que deve permear as discussões no fórum liderado pelo Brasil.