O presidente Luiz Inácio Lula da Silva reforçou seu otimismo em relação ao acordo de livre comércio entre Mercosul e União Europeia (UE) em um telefonema para a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, nesta sexta-feira. Durante a conversa, Lula celebrou o encaminhamento do acordo para votação no Parlamento Europeu, um passo considerado crucial para a concretização do pacto. O presidente expressou a expectativa de que a assinatura ocorra ainda este ano, durante a Cúpula de Líderes no Brasil.
Lula e Von der Leyen concordaram que, em um contexto global de incertezas no comércio internacional, a parceria entre os dois blocos regionais ganha ainda mais relevância estratégica. Segundo nota divulgada pelo Palácio do Planalto, a concretização do acordo criará um mercado de mais de 700 milhões de pessoas, representando 26% do Produto Interno Bruto (PIB) mundial. Ambos os líderes também reafirmaram o compromisso com o multilateralismo e uma ordem internacional mais justa e pacífica.
As negociações entre a UE e o Mercosul, formado por Argentina, Brasil, Paraguai e Uruguai, foram concluídas em dezembro de 2023, após cerca de 25 anos de discussões. Agora, o acordo aguarda aprovação da União Europeia, o que envolve votação no Parlamento Europeu e o aval de uma maioria qualificada entre os governos dos 27 estados membros. Contudo, a aprovação não é garantida, diante de resistências internas.
A França, um dos principais críticos do acordo, tem manifestado preocupações em relação às exigências ambientais na produção agrícola e industrial. O governo francês classificou o acordo como “inaceitável” sob a alegação de que ele não considera os padrões europeus de sustentabilidade. Em resposta, Lula tem argumentado que a França adota uma postura protecionista em relação aos seus interesses agrícolas.
Enquanto a Comissão Europeia e países como Alemanha e Espanha defendem o acordo como uma forma de compensar a perda de comércio devido às tarifas impostas pelos Estados Unidos e reduzir a dependência da China, especialmente em relação a minerais essenciais. Os defensores do acordo na UE veem o Mercosul como um mercado promissor para produtos europeus e uma fonte confiável de minerais cruciais para a transição para energias limpas.