Lula Discursa na ONU e Defende Multilateralismo: ‘Genocídio em Gaza Ocorre com Cumplicidade’

Em seu discurso de abertura na 80ª Assembleia Geral da ONU, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva fez uma forte defesa do multilateralismo e da necessidade de reformar a organização. Lula alertou que os ideais da ONU estão ameaçados e que a autoridade da instituição está em xeque diante de uma crescente desordem internacional.

O presidente brasileiro criticou o que chamou de ‘consolidação de uma desordem internacional marcada por seguidas concessões à política do poder’, mencionando atentados à soberania, sanções arbitrárias e intervenções unilaterais. Ele estabeleceu um paralelo entre a crise do multilateralismo e o enfraquecimento da democracia, alertando para o fortalecimento do autoritarismo.

Lula destacou a importância da democracia para além do processo eleitoral, enfatizando a necessidade de reduzir desigualdades e garantir direitos básicos como alimentação, segurança, trabalho, moradia, educação e saúde. Ele celebrou a saída do Brasil do Mapa da Fome, mas alertou que milhões ainda enfrentam a insegurança alimentar no mundo.

No âmbito internacional, Lula abordou conflitos como o da Ucrânia, defendendo uma solução negociada que leve em conta as preocupações de segurança de todas as partes. Contudo, o ponto alto do discurso foi a crítica contundente à situação em Gaza: ‘Nada, absolutamente nada, justifica o genocídio em curso em Gaza’. Ele ainda afirmou que esse massacre ‘não aconteceria sem a cumplicidade dos que poderiam evitá-lo’.

O presidente brasileiro também abordou a crise climática, enfatizando que a COP30, a ser realizada em Belém, será um momento crucial para os líderes mundiais demonstrarem seu compromisso com o planeta. Lula defendeu uma reforma da ONU, incluindo um Conselho de Segurança ampliado e um conselho vinculado à Assembleia Geral para monitorar os compromissos climáticos. Em suas palavras finais, reforçou a importância da voz do Sul Global e a necessidade de a ONU ser ‘portadora de esperança e promotora da igualdade, da paz, do desenvolvimento sustentável, da diversidade e da tolerância’.