O presidente Luiz Inácio Lula da Silva criticou duramente a megaoperação policial no Rio de Janeiro, que resultou em 121 mortes, incluindo a de quatro policiais. Em entrevista concedida às agências Associated Press e Reuters em Belém (PA), Lula classificou a ação como “desastrosa do ponto de vista da atuação do Estado”. A declaração representa a primeira crítica direta do presidente à operação.
Lula questionou o objetivo da operação, enfatizando que a decisão judicial visava prisões, não execuções. “A decisão do juiz era uma ordem de prisão, não tinha uma ordem de matança, e houve matança”, afirmou o presidente, classificando o evento como uma “matança”. O governo federal busca agora envolver legistas da Polícia Federal na investigação das mortes, visando maior clareza diante das diversas versões apresentadas.
O presidente também expressou preocupação com o elevado número de óbitos, considerando-o uma grave falha na política de segurança pública. “Do ponto de vista da quantidade de mortes, as pessoas podem considerar um sucesso. Mas do ponto de vista da ação do Estado, eu acho que ela foi desastrosa”, declarou. Lula defendeu o combate ao crime organizado, mas enfatizou a necessidade de ações estatais responsáveis.
Vale lembrar que, logo após a realização da megaoperação, Lula havia se manifestado sobre a necessidade de combater o crime organizado, sem, contudo, fazer menção ao governo fluminense ou criticar a ação em si. A recente declaração marca uma mudança no posicionamento do presidente, que agora cobra investigações e aponta falhas na condução da operação.
