Justiça Aprofunda Investigação Sobre Gastos do Corinthians e Quebra Sigilo de Cartões Corporativos

A Justiça de São Paulo autorizou a quebra de sigilo dos cartões corporativos do Sport Club Corinthians Paulista, abrangendo o período de janeiro de 2018 a maio de 2025. A decisão judicial, que visa apurar possíveis irregularidades financeiras, alcança as gestões dos ex-presidentes Andrés Sanchez e Duílio Monteiro Alves, bem como a do atual mandatário, Augusto Melo.

O pedido de quebra de sigilo partiu do Ministério Público (MP), que investiga supostos gastos indevidos realizados pelo clube. Além dos cartões corporativos, a Justiça também determinou a quebra de sigilo fiscal do Oliveira Minimercado, empresa suspeita de emitir notas fiscais fraudulentas para o Corinthians em 2023. A defesa do estabelecimento contestou a medida com um habeas corpus.

De acordo com o Corinthians, todos os documentos solicitados, incluindo relatórios e faturas dos cartões, foram entregues às autoridades. No entanto, a promotoria alega que houve demora no envio dos dados. O MP também apontou para uma desorganização administrativa, um suposto furto de documentos e possíveis “interesses políticos conflituosos” que estariam dificultando o processo de investigação.

As suspeitas ganharam força após a divulgação nas redes sociais de gastos de R$ 32,5 mil no Oliveira Minimercado em outubro de 2023. Uma reportagem do GE ampliou a repercussão do caso. O promotor Cássio Roberto Conserino, ao visitar o endereço da empresa, constatou que não havia nenhum comércio no local, levantando sérias dúvidas sobre a transação.

A investigação teve início em julho, após o vazamento de faturas dos cartões corporativos nas redes sociais. Em um dos casos mais notórios, o ex-presidente Andrés Sanchez admitiu ter utilizado o cartão do clube por engano durante uma viagem de Réveillon, no valor de R$ 9,4 mil, e afirmou ter restituído o montante com juros.

O MP ampliou o escopo da apuração, abrangendo as gestões subsequentes e solicitando o afastamento dos três últimos presidentes do clube. O pedido foi feito em agosto, antes da eleição indireta que elegeu Stabile para comandar o Corinthians até 2026, mas ainda aguarda decisão judicial.