A novela jurídica envolvendo a deputada federal Carla Zambelli (PL-SP) ganha um novo capítulo. O Ministério Público da Itália manifestou parecer favorável à extradição da parlamentar, atendendo a um pedido formalizado pelo governo brasileiro, conforme informações da Advocacia-Geral da União (AGU). A decisão final, contudo, repousa agora sobre o Ministério da Justiça italiano, que deverá se pronunciar após nova audiência na Corte de Apelação de Roma.
Zambelli encontra-se em prisão preventiva na Itália desde junho, quando deixou o Brasil em meio a uma condenação de dez anos de prisão imposta pelo Supremo Tribunal Federal (STF). A Justiça italiana, ao manter a detenção, justificou a medida com base no elevado risco de fuga da deputada, agravando sua situação legal no exterior.
A condenação que motivou o pedido de extradição está relacionada ao seu envolvimento na invasão do sistema do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), em colaboração com o hacker Walter Delgatti Neto. Zambelli foi acusada de participar da criação de um mandado de prisão falso contra o ministro Alexandre de Moraes, do STF. A deputada, por sua vez, nega as acusações, alegando que o hacker agiu de forma independente.
Ademais, a parlamentar já foi condenada em outra ação no STF a 5 anos e 3 meses de prisão, além de multa, por porte ilegal de arma de fogo e constrangimento ilegal. Essa condenação se refere ao episódio de outubro de 2022, quando ela sacou uma arma e perseguiu um homem negro após uma discussão em São Paulo, na véspera do segundo turno das eleições presidenciais. “A decisão também determina a perda do mandato parlamentar”, caso a condenação se torne definitiva.
O processo de cassação do mandato de Zambelli já tramita na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara dos Deputados. Para que a cassação seja aprovada, é necessário o voto favorável de pelo menos 257 deputados no plenário, um desafio político que se desenha no horizonte da parlamentar.