Lyle Menéndez teve seu pedido de liberdade condicional negado por uma comissão judicial dos Estados Unidos, um dia após seu irmão, Erik, também ter recebido a mesma decisão. A negativa mantém ambos presos pelo assassinato brutal de seus pais, ocorrido há mais de três décadas, em um dos casos criminais mais notórios da história americana.
Aos 57 anos, Lyle não conseguiu convencer o painel de que não representa mais uma ameaça à sociedade. A decisão representa um duro golpe para os irmãos, que buscavam uma nova chance após décadas de encarceramento.
Julie Garland, membro da junta de liberdade condicional responsável pela revisão do caso, afirmou que Lyle ainda apresenta um risco para a comunidade. Apesar da negativa, ela o incentivou a manter a esperança, ressaltando que “não é o fim” do processo. Os irmãos terão a oportunidade de solicitar uma nova avaliação de seus casos em três anos.
Durante a audiência, Lyle expressou profundo remorso pelo crime. “Minha mãe e meu pai não tinham que morrer naquele dia”, disse ele, enfatizando que a decisão de matar os pais foi exclusivamente sua e não de seu irmão. “Sinto muito por todos, e lamentarei para sempre”, acrescentou.
A decisão judicial frustra um movimento online crescente que pedia a libertação dos irmãos Menéndez, que ganhou força nos últimos anos com o apoio de familiares e até de celebridades como Kim Kardashian. A comoção em torno do caso reacendeu o debate sobre a possibilidade de redenção e o impacto de crimes hediondos na sociedade.
Condenados inicialmente à prisão perpétua sem possibilidade de liberdade condicional pelo assassinato de seus pais com espingardas em sua luxuosa mansão em Beverly Hills, os irmãos Menéndez se tornaram figuras de grande notoriedade nos Estados Unidos. O julgamento, na década de 1990, foi um dos mais assistidos na televisão americana, e a história voltou aos holofotes recentemente com a série da Netflix “Monstros: A História de Lyle e Erik Menéndez”.
Em maio, os irmãos conquistaram uma importante vitória judicial quando a Justiça americana aliviou os termos de sua sentença, concedendo-lhes o direito de solicitar liberdade condicional, caso demonstrassem arrependimento e não representassem um perigo para a sociedade. Contudo, a recente decisão da comissão judicial indica que o caminho para a liberdade ainda é longo e incerto.
A audiência que selou o destino de Lyle durou 11 horas e ocorreu 36 anos após o assassinato de José e Kitty Menéndez, em um ato que os promotores descreveram como uma tentativa cínica dos filhos de herdar a fortuna da família. Erik e Lyle dispararam diversas vezes contra seus pais, matando-os brutalmente. Inicialmente, tentaram forjar um álibi, mas Erik confessou os homicídios durante uma sessão com seu terapeuta. Os irmãos alegaram ter agido em legítima defesa após anos de abuso emocional e sexual por parte do pai.
Durante a audiência, membros da comissão judicial questionaram as ações de Lyle e levantaram a questão de violações das regras prisionais, incluindo o uso de celulares. Além disso, mencionaram uma avaliação psicológica que o descreve como um manipulador que se recusa a aceitar as consequências de seus atos. “Você parece adotar diferentes faces em diferentes momentos”, repreendeu Patrick Reardon, um dos membros do painel. As audiências de liberdade condicional tornaram-se possíveis após uma revisão da sentença original, reduzindo a pena para 50 anos.
“Minha mãe e meu pai não tinham que morrer naquele dia”, lamentou Lyle Menéndez durante a audiência, conforme relatado pela AFP. A declaração ecoa a tragédia que marcou a vida dos irmãos e continua a assombrar a sociedade americana.