A Polícia Federal deflagrou, nesta quinta-feira (9), uma nova etapa da Operação Sem Desconto, focada em desmantelar um esquema bilionário de fraudes em empréstimos consignados do INSS, conhecido como “Farra do INSS”. Desta vez, as investigações miram o Sindicato Nacional dos Aposentados (Sindnapi), que tem como um de seus vice-presidentes Frei Chico, irmão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Ao todo, estão sendo cumpridos 66 mandados de busca e apreensão, expedidos pelo Supremo Tribunal Federal (STF), em oito estados e no Distrito Federal. Os agentes da PF concentram esforços em coletar evidências que possam fortalecer as acusações de crimes como inserção de dados falsos em sistemas oficiais, formação de organização criminosa e ocultação de patrimônio. Em São Paulo, o endereço do Sindnapi é um dos alvos das buscas.
A operação é um desdobramento da primeira fase da Sem Desconto, que veio à tona após reportagens revelarem o esquema de descontos indevidos nos benefícios de aposentados. “O objetivo da operação é aprofundar as investigações sobre crimes…”, informou a Polícia Federal em nota oficial.
Relatórios do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) indicam que o sindicato utilizava “artifícios para burlar a identificação da origem e do destino dos valores” envolvidos no esquema fraudulento. As investigações também apontam que dirigentes do Sindnapi recebiam comissões a cada desconto realizado nos benefícios dos aposentados, totalizando, segundo estimativas, pelo menos R$ 4,1 milhões.
Entre os supostos beneficiários dessas comissões estariam a esposa do presidente do sindicato, Milton “Cavalo” Baptista de Souza, e o marido da coordenadora jurídica da entidade, a advogada Tonia Andrea Inocentini Galleti. Milton Baptista de Souza, que preside o Sindnapi, deve prestar depoimento à CPMI do INSS ainda nesta quinta-feira, enquanto a PF continua a analisar documentos e transações financeiras para comprovar o envolvimento de outros dirigentes nas fraudes.
