A recém-instalada CPMI do INSS já enfrenta seu primeiro embate. Com 213 requerimentos apresentados, a comissão mira José Ferreira da Silva, conhecido como Frei Chico, irmão do presidente Lula, além de outras figuras como o ex-ministro Carlos Lupi e o lobista Antônio Carlos Camilo Antunes. O foco central da investigação recai sobre o Sindicato Nacional dos Aposentados, Pensionistas e Idosos (Sindnapi-FS), onde Frei Chico ocupa o cargo de vice-presidente.
A inclusão de Frei Chico na mira da CPMI decorre de sua ligação com o Sindnapi, investigado pela Polícia Federal por supostos descontos não autorizados nos contracheques de aposentados. O senador Izalci Lucas (PL-DF), autor do requerimento de quebra de sigilo, questiona o expressivo aumento na arrecadação da entidade, que saltou de R$ 23,3 milhões em 2020 para R$ 154,7 milhões em 2024.
Izalci Lucas classificou o crescimento da arrecadação do sindicato como uma “grotesca anomalia administrativa”, sugerindo um possível “tratamento privilegiado”. Um relatório da Controladoria-Geral da União (CGU) corroborou as suspeitas, ao apontar um aumento abrupto no número de filiados ao Sindnapi. Uma empresa ligada à família do presidente e à coordenadora jurídica do sindicato faturou R$ 4,1 milhões em comissões provenientes dos descontos realizados nos benefícios dos aposentados.
A composição da CPMI, com presidência e relatoria nas mãos da oposição, tem facilitado o avanço das investigações. Carlos Viana (Podemos-MG), presidente, e Alfredo Gaspar (União-AL), relator, representam um obstáculo para o governo, que busca blindar o Palácio do Planalto de possíveis constrangimentos. A disputa de forças na comissão promete acirrar os debates e aprofundar as investigações.