O Irã declarou que seu material nuclear altamente enriquecido está sob os escombros de suas instalações atômicas, alvos de bombardeios durante um conflito recente com Israel e Estados Unidos. A incerteza sobre o paradeiro desse material, especialmente cerca de 440 quilos de urânio enriquecido a 60%, agrava as tensões com o Ocidente, que suspeita de uma possível remoção prévia aos ataques. A declaração foi feita pelo ministro das Relações Exteriores iraniano, Abbas Araqchi, em entrevista à televisão estatal.
“Todo o nosso material nuclear está sob os escombros provocados pelos ataques às instalações bombardeadas”, afirmou Araqchi. Ele acrescentou que a Organização de Energia Atômica do Irã está avaliando a acessibilidade e o estado desses materiais. A declaração ocorre em um momento crítico, com o Irã sob crescente pressão internacional em relação ao seu programa nuclear.
Em um esforço para atenuar as preocupações, o Irã e a Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) concordaram em retomar as inspeções das instalações iranianas. As inspeções estavam paralisadas desde o conflito. O diretor da AIEA, Rafael Grossi, confirmou que as instalações nucleares atacadas estariam incluídas nas inspeções.
Contudo, Araqchi esclareceu que o acordo com a AIEA, por ora, não concede acesso imediato às instalações atômicas. A situação agrava a preocupação de Reino Unido, França e Alemanha, que já acionaram o mecanismo de restauração de sanções da ONU contra Teerã, alegando descumprimento do acordo nuclear de 2015.
O impasse persiste, com o grupo europeu oferecendo prorrogar o prazo do processo de sanções em troca de cooperação com a AIEA e o retorno às negociações com os EUA. O Irã, por sua vez, questiona a legitimidade do Reino Unido, Alemanha e França para impor sanções, argumentando que esses países não cumpriram suas próprias obrigações no acordo nuclear.