O anestesiologista Nick Mondek, de 48 anos, viveu uma experiência rara e emocionante: recebeu células-tronco do próprio filho, Stephen, de apenas 9 anos, para tratar uma recaída de leucemia mieloide aguda. O caso, registrado no hospital Cedars-Sinai, na Califórnia, é considerado a doação mais jovem já realizada na instituição.
Nick foi diagnosticado em 2022 e, após quimioterapia intensiva e um transplante de células-tronco do irmão, conseguiu permanecer em remissão por mais de dois anos. No início de 2024, no entanto, a doença voltou. As buscas em bancos de doadores não trouxeram resultados compatíveis, e a família decidiu então testar Stephen, o filho mais velho.
Sem hesitar, Stephen aceitou ajudar o pai. Os exames confirmaram que ele era um “meio-match”, ou seja, compartilhava metade das características imunológicas necessárias para o transplante. Essa coincidência genética, segundo especialistas, pode até favorecer a eliminação das células doentes.
“Uma doação de uma criança tão jovem é muito rara… Stephen foi muito corajoso”, destacou Hoyoung Chung, pediatra de cuidados intensivos do Cedars-Sinai.
Em julho de 2024, Stephen passou pelo procedimento de coleta. Sob anestesia geral, recebeu um cateter no pescoço, que permitiu a passagem do sangue por uma centrífuga especial para separar as células-tronco. O processo durou cerca de seis horas.
Enquanto isso, Nick foi submetido a seis dias de quimioterapia para enfraquecer o sistema imunológico e preparar o organismo para receber o enxerto. Em seguida, os médicos realizaram a infusão das células do filho, um gesto que não apenas ofereceu esperança, mas também reforçou o vínculo entre pai e filho.
“A conversa com Stephen foi bem simples. Eu disse: ‘Ei, amigo, o papai está doente e eles precisam de alguém para dar células-tronco, e querem saber se você quer fazer o teste para ver se consegue’. A resposta de Stephen foi: ‘Quando vamos?’”, contou Ronald Paquette, diretor clínico do Programa de Transplante de Células-Tronco e Medula Óssea do hospital.
Nick permaneceu internado nas semanas seguintes para acompanhamento médico. Em 16 de agosto de 2024, recebeu alta. Pouco tempo depois, viveu um momento simbólico: pôde assistir a um jogo de beisebol do próprio filho, que havia lhe dado a chance de continuar vivendo.
Tipos de leucemia
Leucemia Linfocítica Aguda (LLA): mais comum em crianças, ocorre quando linfócitos jovens não amadurecem e se multiplicam descontroladamente.
Leucemia Mielóide Aguda (LMA): afeta glóbulos imaturos e progride rapidamente; comum em adultos.
Leucemia Linfocítica Crônica (LLC): típica em idosos, progride lentamente e muitas vezes não exige tratamento imediato.
Leucemia Mielóide Crônica (LMC): caracteriza-se pela produção excessiva de glóbulos brancos maduros; evolui de forma lenta, geralmente em adultos de 60 anos.
