A França enfrenta uma crescente divisão interna após prefeituras, majoritariamente de esquerda, desafiarem o governo nacional e hastearem a bandeira palestina em apoio ao reconhecimento do Estado da Palestina. A iniciativa, que já alcançou mais de 50 localidades, ocorre em um momento delicado, com o governo expressando preocupações sobre possíveis tensões internas e o agravamento de divisões na sociedade francesa.
O governo francês, liderado pelo presidente Emmanuel Macron, havia emitido um alerta formal contra a medida, citando o princípio da neutralidade do serviço público e o risco de importar o conflito para o território francês. Apesar do aviso, diversas cidades seguiram em frente, promovendo atos simbólicos como o de Saint-Denis, onde o líder socialista Olivier Faure defendeu o gesto como um símbolo da busca por uma solução de dois Estados.
A capital, Paris, optou por uma abordagem diferente. A prefeita Anne Hidalgo não aderiu ao hasteamento da bandeira, mas projetou as bandeiras de Israel e da Palestina na Torre Eiffel, acompanhadas de uma pomba da paz, em um gesto que buscou equilibrar as tensões. Contudo, ativistas chegaram a hastear a bandeira palestina na fachada da prefeitura por um breve período, demonstrando a força do movimento.
O Ministério do Interior, sob a chefia do conservador Bruno Retailleau, intensificou os esforços para conter a onda de apoio à causa palestina, enviando um telegrama aos prefeitos solicitando que não adotassem a medida. A pasta justificou a solicitação com base no princípio da neutralidade do serviço público e alertou para os riscos de importação do conflito ao território francês, além de possíveis distúrbios à ordem pública.
A questão já chegou à Justiça, com algumas cidades sendo obrigadas a retirar as bandeiras. Em Malakoff, por exemplo, a prefeita comunista Jacqueline Belhomme foi multada por descumprir a ordem judicial, mas afirmou que manterá o gesto como forma de protesto. A polêmica reacende debates sobre a liberdade de expressão e a neutralidade política das administrações públicas, como visto em casos anteriores envolvendo a Ucrânia e Israel.


