Pedro Castillo, ex-presidente do Peru, foi sentenciado a 11 anos de prisão nesta quinta-feira (27) por sua tentativa de golpe de Estado no final de 2022. A decisão judicial marca o fim de um processo que o acusava de tentar dissolver o Congresso e instaurar um governo por decreto, uma ação que mergulhou o país em uma profunda crise política.
Castillo está detido desde 7 de dezembro de 2022, data em que anunciou a dissolução do Legislativo e a implementação de um estado de exceção. Sua ação, amplamente considerada inconstitucional, provocou uma onda de protestos em todo o país, resultando em confrontos violentos que deixaram cerca de 50 mortos e aprofundaram a instabilidade política peruana.
A promotoria havia solicitado uma pena de 34 anos, acusando o ex-presidente de ser coautor do crime de rebelião e de provocar grave perturbação da ordem pública. No entanto, a Corte o condenou especificamente pela tentativa de golpe, absolvendo-o de algumas acusações adicionais. “Mesmo preso, ele sempre negou ter cometido crimes e afirma ser vítima de perseguição política”, conforme declarou sua defesa.
A crise envolvendo Castillo se junta a um histórico de escândalos que assombram ex-presidentes peruanos. Alejandro Toledo e Ollanta Humala já cumprem pena por corrupção, enquanto Martín Vizcarra também foi recentemente condenado, igualmente por atos de corrupção. Esse cenário lança uma sombra sobre a classe política do país.
Após a destituição de Castillo, o Peru foi brevemente governado por sua vice, Dina Boluarte, que também foi afastada do cargo por “incapacidade moral” em outubro deste ano, evidenciando a persistente instabilidade política do país andino. A trajetória de Castillo, de professor rural a presidente, é marcada por reviravoltas e controvérsias.
Aos 56 anos, Castillo ascendeu à presidência em 2021 com um discurso de oposição à elite política tradicional. Seu governo, no entanto, foi caracterizado por constantes embates com o Congresso, denúncias de corrupção e sucessivas tentativas de impeachment. No âmbito social, manteve posições conservadoras em temas como aborto, educação sexual e direitos LGBTQIA+.



