Ex-nora de Lula se reuniu com Ministro da Educação antes de operação da PF por desvio de verbas

Carla Ariane Trindade, ex-nora do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, encontrou-se reservadamente com o Ministro da Educação, Camilo Santana, em 12 de julho de 2024. A reunião, que não constava na agenda oficial do ministro, antecedeu uma operação da Polícia Federal que investiga Carla por suspeita de envolvimento em um esquema de desvio de verbas da Educação. A operação mirou repasses a municípios do interior paulista.

Documentos obtidos via Lei de Acesso à Informação (LAI) revelam o registro de entrada de Carla no Ministério da Educação, com destino ao gabinete do ministro. O documento curiosamente indicava “Presidente Lula” no campo “cargo/função”, apesar de Carla não ocupar cargo algum no governo federal. No dia do encontro, a agenda oficial de Camilo Santana apontava para uma viagem de Fortaleza a Brasília e um compromisso no Hospital Universitário de Brasília (HUB) pela manhã.

As investigações da Polícia Federal apontam que Carla Ariane é suspeita de integrar um grupo de cinco pessoas que atuava fazendo lobby para a liberação de verbas federais para prefeituras de São Paulo. Parte dos recursos, segundo a PF, teria sido direcionada à empresa Life Tecnologia Educacional, sob acusação de vender equipamentos superfaturados para escolas municipais. A decisão judicial que autorizou a operação detalha a suposta influência de Carla e do lobista Kalil Bittar no governo federal.

O dono da Life, André Mariano, é apontado como o principal articulador do esquema, financiando inclusive viagens de Carla a Brasília, segundo a PF. Ele teria sido apresentado à ex-nora de Lula por Fernando Gomes Moraes, secretário de Hortolândia, que facilitava encontros e licitações direcionadas à empresa. A Polícia Federal investiga se o encontro de Carla com o ministro Camilo Santana ocorreu durante o período de maior atuação da ex-nora no suposto esquema.

A PF apura a real influência de Carla no governo e se ela recebeu pagamentos ilegais, afirmando que a rotina de agendamentos indica que ela “defendia interesses privados de Mariano junto a órgãos públicos”, buscando liberar recursos e garantir contratos. Em maio, o próprio André Mariano participou de uma reunião no FNDE sobre materiais educacionais, com a presença da então presidente do FNDE, Fernanda Pacobahyba, e outros representantes. Este encontro, ao contrário do de Carla, constava na agenda oficial do FNDE.