Uma cidadã brasileira residente em Cascais, Portugal, enfrentou um pesadelo ao ser deportada para o Brasil, após ser impedida de entrar no país pela polícia portuguesa no Aeroporto Internacional de Lisboa. O incidente ocorreu na última terça-feira (19), quando a mulher retornava de uma viagem ao Recife (PE) com sua família.
O momento mais doloroso foi a separação do marido e dos dois filhos pequenos, de 8 e 6 anos. Após a retenção, a brasileira foi mantida sob custódia por 30 horas e, no dia seguinte, obrigada a embarcar de volta ao Brasil. O caso levanta questionamentos sobre as políticas de imigração portuguesas e o tratamento dado aos estrangeiros.
De acordo com a polícia portuguesa, a deportação se justifica pela falta de documentação necessária para residir legalmente em Portugal e pelo suposto excesso do período de 180 dias de estadia permitida no país. No entanto, a defesa da brasileira contesta essa versão.
As advogadas Tatiana Kazam e Rafaella Lobo argumentam que o processo de autorização de residência da cliente estava em andamento, mas sofreu atrasos devido a problemas no sistema de imigração português. “Ela estava tentando tirar a residência, não ficou de braços cruzados. Só que ela não conseguiu”, afirmou Tatiana Kazam.
O marido, Hugo Silvestre, advogado e administrador de empresas, reside em Portugal há dois anos e meio com visto de residência. Ele alega que a Agência para Integração, Migrações e Asilo (Aima) atrasou a emissão de sua carteira de residência definitiva, documento essencial para solicitar o “reagrupamento familiar” e trazer seus familiares para o país.
A família havia recorrido à Justiça portuguesa, que concedeu uma liminar determinando à Aima a emissão de um convite válido para regularizar a situação de Silvestre. No entanto, segundo a defesa, a agência demorou a cumprir a ordem judicial, o que culminou na deportação da brasileira.
Segundo Silvestre, a esposa está “emocionalmente destruída” com a situação. “Ela está muito triste e recebendo apoio psicológico. Nunca havia ficado afastada dos filhos e agora não tem certeza de quando poderá revê-los”, lamentou.
As advogadas da brasileira já ajuizaram recursos administrativos e judiciais para tentar reverter a deportação e garantir o retorno da cliente a Portugal, buscando o reencontro com sua família. O caso ganha destaque em um momento de endurecimento das leis de imigração em Portugal, com a recente criação da Unidade Nacional de Estrangeiros e Fronteiras (Unef).