Dólar Ignora Tendência Global e Sobe com Temores Políticos; Ibovespa Cede Após Recordes

O dólar desafiou o cenário internacional nesta segunda-feira, registrando alta em um mercado cauteloso, influenciado pelas crescentes tensões geopolíticas entre EUA e Brasil. A proximidade do discurso do presidente Lula na Assembleia Geral da ONU também contribuiu para a postura defensiva dos investidores.

O movimento de aversão ao risco se intensificou após o anúncio de sanções dos EUA contra Viviane Barci de Moraes, esposa do ministro Alexandre de Moraes, do STF, com base na Lei Magnitsky. A medida, que bloqueia eventuais bens da advogada em território americano, elevou a incerteza no mercado. Paralelamente, a revogação de vistos americanos do Advogado-Geral da União, Jorge Messias, e de outras autoridades judiciárias, adicionou mais um fator de apreensão.

No auge da instabilidade, o dólar à vista chegou a superar R$ 5,35, atingindo a máxima de R$ 5,3660. Contudo, no decorrer da tarde, a divisa perdeu força, acompanhando a tendência de queda no exterior e diante da avaliação de que as ações americanas, por ora, se restringem a figuras específicas. Ao final do dia, o dólar encerrou em alta de 0,32%, cotado a R$ 5,3381.

Apesar da alta, o dólar acumula queda de 1,55% em relação ao real em setembro, e de 13,63% no acumulado do ano. O Ministério das Relações Exteriores manifestou “profunda indignação” com as sanções, classificando-as como uma “nova tentativa de ingerência indevida em assuntos internos brasileiros”. Em contrapartida, o Secretário de Estado dos EUA, Marco Rubio, afirmou que as sanções servem de alerta a quem ameaça os “interesses dos EUA protegendo e habilitando atores estrangeiros como Moraes”.

Enquanto isso, o Ibovespa iniciou a semana com uma leve correção, após uma sequência de recordes históricos que o impulsionaram aos 146 mil pontos durante o pregão anterior. O índice conseguiu se manter acima dos 145 mil pontos no fechamento, atenuando perdas que chegaram a ultrapassar 1% no início da sessão. O índice da B3 fechou em baixa de 0,52%, aos 145.109,25 pontos, com um volume financeiro de R$ 20,6 bilhões.

No cenário econômico, o Boletim Focus trouxe um alívio com a estimativa de IPCA suavizado para 12 meses à frente em 4,36%, abaixo do teto da meta de 4,50%. A agenda da semana reserva a ata da reunião do Copom, o IPCA-15 de setembro e o Relatório de Política Monetária (RPM). Nos EUA, o mercado aguarda o PIB e o índice PCE, a métrica de inflação preferida do Federal Reserve.

A moderação das perdas do Ibovespa foi impulsionada pelo desempenho positivo de Petrobras e Vale. Em contrapartida, Cosan liderou as perdas, impactada pelo entendimento para aporte de R$ 10 bilhões pelo BTG e Perfin na empresa. Destaque positivo para Embraer, com alta de 4,63% após o acordo com a Latam Airlines para a aquisição de até 74 aeronaves.