Dólar Ignora Tendência Global e Sobe com Temores Políticos; Ibovespa Cede Após Recordes

O dólar desafiou a tendência de baixa observada no mercado internacional e registrou alta nesta segunda-feira (22), impulsionado pela cautela dos investidores diante de possíveis tensões entre Brasil e Estados Unidos. A proximidade do discurso do presidente Lula na Assembleia Geral da ONU também contribuiu para o clima de incerteza.

O aumento da aversão ao risco se intensificou após o anúncio de sanções do governo americano contra Viviane Barci de Moraes, esposa do ministro Alexandre de Moraes, do STF, com base na Lei Magnitsky. Além disso, vistos americanos do advogado-geral da União, Jorge Messias, e de outras autoridades do Judiciário brasileiro foram revogados, elevando a tensão no mercado.

O impacto das sanções levou o dólar a superar R$ 5,35, atingindo uma máxima de R$ 5,3660. Contudo, ao longo da tarde, a moeda americana perdeu força, influenciada pela desvalorização no exterior e pela percepção de que as ações dos EUA seriam limitadas a determinadas autoridades. Ao final do pregão, o dólar à vista encerrou em alta de 0,32%, cotado a R$ 5,3381.

O Ministério das Relações Exteriores manifestou “profunda indignação” com as sanções, classificando o uso da Lei Magnitsky como uma “nova tentativa de ingerência indevida em assuntos internos brasileiros”. Em contrapartida, o secretário de Estado dos EUA, Marco Rubio, afirmou que as sanções servem de alerta a quem ameaça os “interesses dos EUA protegendo e habilitando atores estrangeiros como Moraes”.

No cenário doméstico, o Ibovespa iniciou a semana em leve correção, após uma sequência de recordes que o impulsionou aos 146 mil pontos. A realização de lucros, combinada com o noticiário político, pressionou o índice, que conseguiu se manter acima dos 145 mil pontos no fechamento, com queda de 0,52%, aos 145.109,25 pontos.

A agenda econômica da semana reserva eventos importantes, como a ata da reunião do Copom, o IPCA-15 de setembro e o Relatório de Política Monetária (RPM) no Brasil. Nos Estados Unidos, as atenções se voltam para o Produto Interno Bruto (PIB) e o índice PCE, a métrica de inflação preferida do Federal Reserve.

A moderação nas perdas do Ibovespa foi impulsionada pelo bom desempenho de Petrobras e Vale, que compensaram as perdas de outras grandes instituições financeiras. Embraer liderou as altas, impulsionada por um acordo com a Latam Airlines para a aquisição de até 74 aeronaves.