O cenário político na Argentina se intensifica após o revés sofrido pelo partido do presidente Javier Milei nas eleições legislativas da província de Buenos Aires. O resultado, que viu o partido A Liberdade Avança ficar 13 pontos atrás da oposição peronista Força Pátria, soa como um sinal de alerta para as eleições de meio de mandato, marcadas para outubro. A importância da província reside em seu peso econômico, representando mais de 30% do PIB argentino e concentrando 40% do eleitorado nacional.
A derrota impõe pressão adicional sobre o governo Milei, que já enfrenta turbulências políticas e econômicas. Apesar do revés, o presidente reafirmou seu compromisso com as políticas adotadas, prometendo acelerar e aprofundar as reformas em curso. Essa declaração ocorre em meio a um escândalo de corrupção que envolve a Agência Pública para Pessoas com Deficiência e atinge até mesmo a irmã do presidente, Karina Milei.
Adicionalmente, o Congresso desafiou o veto presidencial ao aprovar uma lei que aumenta o financiamento para pessoas com deficiência. No front econômico, o governo iniciou intervenções no mercado cambial na tentativa de conter a desvalorização do peso, que se intensificou nas últimas semanas apesar das altas taxas de juros. A combinação de fatores internos e externos contribui para um clima de incerteza e volatilidade.
O professor de relações internacionais, Gustavo Menon, avalia que a derrota de Milei em Buenos Aires é um reflexo da alta tensão econômica e institucional vivida no país. “O governo enfrenta desafios como a inflação crescente e a desvalorização do peso, além de escândalos de corrupção”, observou Menon. A oposição peronista, por sua vez, ganha força ao criticar a plataforma ultraliberal de Milei.
As próximas eleições de meio de mandato serão determinantes para o futuro político e econômico da Argentina, definindo a composição do parlamento e, consequentemente, a capacidade do governo de implementar suas políticas. O resultado em Buenos Aires serve como um importante indicador das tendências de voto e das principais preocupações da população argentina.
