A defesa do tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens do ex-presidente Jair Bolsonaro, apresentou sua argumentação no Supremo Tribunal Federal (STF), buscando afastar as acusações que pesam sobre o militar. O advogado Jair Pereira criticou o relatório final e discordou das alegações do procurador-geral da República, Paulo Gonet, durante a sessão. A estratégia da defesa busca desvincular Cid de qualquer ação ilícita, apresentando-o como um mero executor de ordens.
Segundo o advogado Jair Pereira, a função de ajudante de ordens teria prejudicado a vida de Mauro Cid. “Ajudância de ordens só atrapalhou a vida de Cid”, enfatizou o defensor, buscando desconstruir a imagem de um agente ativo em supostos planos de golpe. O tenente-coronel, mesmo afastado do Exército desde 2023, ainda mantém sua patente e recebe um salário de R$ 27 mil mensais. Sua trajetória militar, com mais de 20 anos de experiência, o levou a ser ajudante de ordens de Bolsonaro a partir de 2018, supervisionando a agenda e auxiliando em compromissos pessoais.
A trajetória de Cid tem sido marcada por reviravoltas. A primeira prisão ocorreu em maio de 2023, durante uma operação da Polícia Federal que investigava fraudes em cartões de vacinação da Covid-19, com falsificação de documentos de Bolsonaro e de sua filha. Após um acordo de delação premiada, homologado em setembro, ele deixou a prisão, mas passou a usar tornozeleira eletrônica.
Posteriormente, em março de 2024, Cid foi preso novamente durante uma audiência no STF, onde chegou a desmaiar ao saber da decisão. Na ocasião, ele alegou ter sido coagido a prestar depoimentos falsos. O militar colaborou com a Polícia Federal, revelando um suposto plano de golpe e as fraudes nos cartões de vacinação.
A colaboração premiada de Cid, homologada pelo Supremo, foi fundamental para a denúncia contra Bolsonaro e outros 33 envolvidos. Em seus depoimentos, Cid afirmou que, após a vitória de Lula em 2022, surgiram três grupos insatisfeitos com o resultado das eleições. A defesa de Mauro Cid busca agora, no STF, validar o acordo de colaboração premiada firmado com a Polícia Federal, visando reduzir a pena do tenente-coronel.