A Polícia Civil de Santa Catarina concluiu a investigação sobre a morte de um menino de 4 anos em Florianópolis, ocorrida em 17 de agosto, indiciando a mãe e o padrasto por homicídio qualificado. O caso, que chocou a comunidade, revelou detalhes perturbadores sobre os momentos que antecederam a tragédia.
Um dos pontos mais alarmantes da investigação foi a descoberta de que, no dia do crime, o padrasto realizou uma busca em um aplicativo de inteligência artificial perguntando: “O que acontece se ficar enforcando muito uma criança?”. Tal questionamento lança uma sombra ainda mais sombria sobre o caso, levantando sérias questões sobre a premeditação do ato.
A investigação teve início após a criança ser levada desacordada a um hospital da capital, já em parada cardiorrespiratória. Apesar dos esforços da equipe médica, o menino não resistiu. Exames revelaram ferimentos por todo o corpo, incluindo hematomas na bochecha, abdômen e costas, o que levantou suspeitas de agressões.
O padrasto foi preso em flagrante e permanece sob prisão preventiva. A mãe, também indiciada, foi solta e responderá em liberdade, sob medidas cautelares. O inquérito policial foi encaminhado ao Ministério Público de Santa Catarina (MPSC), que decidirá sobre a denúncia formal do casal.
As provas que sustentam o indiciamento incluem o laudo de necropsia, depoimentos de testemunhas e a análise dos celulares dos acusados. O exame cadavérico apontou que a causa da morte foi choque hemorrágico decorrente de traumatismo abdominal, causado por instrumento contundente. Além da busca na IA, mensagens encontradas nos aparelhos revelaram um histórico de maus-tratos.
Em uma das mensagens, datada de 5 de agosto, a mãe perguntou ao companheiro sobre uma “picadinha” no rosto do filho. O padrasto respondeu que mordeu o menino, alegando ser uma “brincadeira”. Segundo a polícia, essa troca de mensagens demonstra que a mãe tinha conhecimento da violência e do medo que a criança sentia.
Outro registro importante é de maio, quando o menino foi internado com suspeita de maus-tratos. Na ocasião, o padrasto enviou um vídeo da criança dormindo no chão e, horas depois, outra imagem mostrando a orelha do garoto roxa. Para os investigadores, essa evidência reforça que o menino era agredido de forma recorrente.
O caso não era o primeiro episódio de violência envolvendo a criança. Em maio, ele ficou 12 dias hospitalizado com lesões compatíveis com sinais de defesa, segundo um médico. Na época, o padrasto alegou que o garoto teria “caído da cama”. A mãe, em depoimento, negou suspeitar do companheiro, mas a perícia revelou que ela tinha conhecimento das agressões e não agiu para proteger o filho.
O Ministério Público de Santa Catarina agora analisará o relatório da Polícia Civil e decidirá se denuncia formalmente o casal. Caso a denúncia seja aceita, o padrasto poderá responder por homicídio qualificado, com pena de até 30 anos de prisão. A mãe também poderá ser responsabilizada por omissão e participação indireta no crime.