CPI do INSS: Parlamentares Transformam Investigação em Vitrine Eleitoral nas Redes Sociais

A CPI do INSS, criada para apurar fraudes contra aposentados e pensionistas, tem se tornado um palco para a autopromoção de parlamentares nas redes sociais. Deputados e senadores estão utilizando a indignação popular com os descontos ilegais para aumentar sua visibilidade e moldar seus discursos para as eleições de 2026. A estratégia principal é gerar conteúdo impactante, os chamados “cortes”, para viralizar e engajar o eleitorado.

Com dez minutos de tempo de fala garantido, os membros da CPI aproveitam para discursar, questionar, apresentar provas e, principalmente, criar momentos que possam ser transformados em vídeos curtos e compartilháveis. Assessores acompanham de perto, gravando e editando as cenas mais relevantes para disseminação nas redes sociais dos políticos. Alguns até transmitem suas participações ao vivo, buscando interação direta com o público.

A busca por visibilidade tem levado a discursos inflamados e performances teatrais, com o objetivo de cativar o eleitorado de seus estados de origem. O deputado Alencar Santana (PT-SP) criticou a postura de alguns parlamentares, acusando-os de usar a CPI para fazer propaganda eleitoral. Em resposta, o relator da CPI ironizou a reclamação, afirmando ter melhorado sua logomarca a pedido do PT.

A popularidade da CPI nas redes é inegável. O depoimento de Carlos Antônio Camilo Antunes, o “Careca do INSS”, figura central do esquema investigado, alcançou 838 mil visualizações no canal do Senado no YouTube, superando em muito as demais reuniões. O presidente da CPI, senador Carlos Viana (Podemos-MG), e o relator, deputado Alfredo Gaspar (União-AL), também viram um aumento significativo no número de seguidores em seus perfis oficiais.

No entanto, a busca por holofotes tem gerado discussões e polêmicas dentro da CPI. O deputado Coronel Chrisóstomo (PL-RO) acusou governistas de “blindarem bandidos” em suas redes sociais, o que gerou um confronto com o coordenador da bancada do governo, Paulo Pimenta (PT-RS). Diante da situação, o presidente da CPI, Carlos Viana, tem reiterado que não permitirá que a comissão se transforme em um “palco” ou em “desrespeito contra quem quer seja”, buscando manter o foco na investigação.