A Cúpula do Clima da ONU (COP30), em Belém, testemunhou uma reviravolta nas negociações. Um novo rascunho do documento final, divulgado na madrugada desta sexta-feira (21), removeu qualquer menção a um plano para eliminar gradualmente os combustíveis fósseis, contrariando expectativas e gerando forte reação de ambientalistas e países defensores de ações climáticas mais ambiciosas.
O documento, denominado “Decisão Mutirão”, concentra as principais divergências das negociações climáticas. A ausência de um roteiro claro para o abandono do petróleo e outros combustíveis fósseis, considerados os maiores responsáveis pelo aquecimento global, representa um duro golpe para aqueles que esperavam avanços significativos na transição energética durante a COP30.
O plano de transição energética havia conquistado o apoio de cerca de 80 países, incluindo Alemanha e Reino Unido, e era uma das principais demandas do presidente Lula e do Secretário-Geral da ONU, António Guterres. No entanto, nações produtoras de petróleo resistem à criação de um cronograma para a redução do uso de combustíveis fósseis.
Em resposta ao rascunho, um grupo de países, incluindo Colômbia, Alemanha, Ilhas Marshall e Vanuatu, já enviou uma carta à presidência da COP30 expressando sua discordância com a ausência de um plano de transição. “Não podemos apoiar um resultado que não inclua o roteiro de implementação de uma transição para longe dos combustíveis fósseis justa, ordenada e equitativa”, diz a carta.
Ambientalistas criticam a postura de alguns chefes de Estado, que, apesar de demonstrarem apoio à agenda climática, continuam liberando novas atividades emissoras de gases de efeito estufa. A diretora executiva do Greenpeace Brasil, Carolina Pasquali, afirmou que “a COP30 demonstrou apoio crescente a um roteiro para o abandono dos combustíveis fósseis, portanto, o resultado de Belém deve incluí-lo para garantir que acabemos com a queima de petróleo, gás e carvão o mais rápido possível.”
As negociações na COP30 devem se estender pelo fim de semana, buscando um consenso em torno das principais questões climáticas. Um incêndio na quinta-feira interrompeu temporariamente as discussões, mas as sessões plenárias foram retomadas nesta sexta-feira. A expectativa é que o documento final reflita um compromisso entre as diferentes visões dos países envolvidos.
