O governo brasileiro rejeitou um pedido da Organização das Nações Unidas (ONU) para subsidiar a hospedagem de delegações estrangeiras durante a COP30, que será realizada em Belém. Em contrapartida, o Brasil propôs a criação de uma força-tarefa para auxiliar diretamente na negociação de acomodações, buscando soluções para a crescente crise de hospedagem na cidade. A decisão foi tomada em meio a preocupações com o aumento exorbitante dos preços, que chegaram a ultrapassar R$ 1 milhão para o período do evento.
Durante reunião com a equipe da ONU, o governo brasileiro defendeu que a organização amplie o auxílio financeiro destinado aos países participantes da conferência. Segundo a secretária executiva da Casa Civil, Míriam Belchior, o Brasil apoiou o pleito dos países mais pobres por um aumento da diária paga pela UNFCCC, braço ambiental da ONU, para reservas durante a COP. “Falamos claramente que o Brasil não tem condição, mas que (apoiamos) essa proposta de a ONU subir um pouquinho a contribuição que dá”, afirmou Belchior.
A crise de hospedagem em Belém ganhou destaque após reservas para o período da COP30 atingirem valores estratosféricos. Diante desse cenário, 29 países chegaram a assinar uma carta solicitando ao governo brasileiro a mudança da cidade-sede do evento. No entanto, o Brasil reafirmou o compromisso de manter a COP30 em Belém, buscando alternativas para solucionar os problemas de acomodação.
Para enfrentar a situação, o governo brasileiro anunciou a criação de uma força-tarefa composta por funcionários dos Ministérios das Relações Exteriores, do Turismo, do Meio Ambiente e Mudança do Clima, além de membros da secretaria da COP. O objetivo é auxiliar as delegações estrangeiras nas negociações por hospedagem, buscando alternativas e conhecimento local para mitigar a crise. “A ideia é que a gente tenha um grupo de pessoas que possa ligar para polos focais da própria ONU nesses países para perguntar, saber o que está acontecendo e ver o que a gente consegue resolver”, explicou o secretário extraordinário da COP30, Valter Correia.
Segundo Correia, a prioridade inicial da força-tarefa será entrar em contato com os países mais pobres, que têm sido os mais afetados pela crise de hospedagem. O governo do estado do Pará também será envolvido na busca por soluções, aproveitando o conhecimento local sobre condomínios e imóveis disponíveis para locação. A expectativa é que essa iniciativa contribua para garantir a participação de todos os países na COP30, em Belém.