Cessar-Fogo em Gaza: Palestinos Retornam a Lares Devastados Após Acordo entre Israel e Hamas

Após a entrada em vigor de um cessar-fogo negociado entre Israel e o Hamas, milhares de palestinos começaram a retornar às suas casas na Faixa de Gaza nesta sexta-feira (10). O acordo, mediado por Egito e Estados Unidos, traz um alívio tênue após semanas de intensos combates, embora a dimensão da destruição revele um cenário desolador para muitos que regressam. A trégua, confirmada pelo exército israelense, marca uma pausa em um conflito que ceifou inúmeras vidas e deslocou um número incalculável de pessoas.

Em Khan Yunis, no sul de Gaza, o retorno revelou lares transformados em ruínas. A Defesa Civil local, após o início do cessar-fogo, iniciou a remoção de corpos sob os escombros. “Desde a entrada em vigor da trégua, foram encontrados 63 corpos nas ruas de Gaza”, informou Mahmoud Basal, porta-voz do órgão ligado ao governo do Hamas, evidenciando a urgência da situação humanitária.

O Exército israelense, por sua vez, anunciou o reposicionamento de suas tropas ao longo das “linhas de retirada”, preparando-se para o cumprimento do acordo. Contudo, alertou que algumas áreas permanecem “extremamente perigosas”. Steve Witkoff, enviado especial do presidente dos Estados Unidos, confirmou o início da contagem do prazo de 72 horas para a libertação dos reféns, um ponto crucial do pacto.

O acordo, fruto de negociações indiretas no Egito e baseado em um plano de 20 pontos proposto pelos EUA, busca encerrar dois anos de conflito, desencadeados pelo ataque do Hamas em outubro de 2023. Em meio à esperança, persistem desafios significativos, como o futuro do desarmamento do Hamas e a criação de uma autoridade de transição para governar Gaza, uma proposta ainda em debate.

Enquanto famílias como a de Alon Ohel, um dos reféns, expressam alívio e expectativa pelo retorno de seus entes queridos, o Ministério da Saúde de Gaza estima que mais de 67 mil pessoas perderam a vida desde o início da ofensiva israelense. A Defesa Civil palestina reporta que cerca de 200 mil pessoas retornaram ao norte de Gaza nesta sexta-feira, um retorno marcado por dor e incerteza. “Este retorno está cheio de feridas e dor”, lamentou Ameer Abu Iyadeh, um deslocado de 32 anos, em Khan Yunis. Paralelamente, a Associação de Imprensa Estrangeira em Jerusalém faz um apelo para que Israel permita o acesso independente de jornalistas à Faixa de Gaza.