Em meio a crescentes tensões diplomáticas, o Brasil anunciou que os Estados Unidos não participarão da segunda edição da cúpula “Democracia Sempre”, agendada para a próxima quarta-feira (24), durante a Assembleia-Geral da ONU em Nova York. A iniciativa, liderada pelo Brasil em parceria com o governo espanhol de Pedro Sánchez, reunirá cerca de 30 nações, incluindo representantes da América Latina, Europa, África e Ásia, além do Secretário-Geral da ONU, António Guterres.
De acordo com um funcionário do governo brasileiro, a decisão de excluir os EUA reflete preocupações com a postura recente do país em relação aos processos democráticos. “Não existem condições para a participação de um país que teve uma virada extremista e cujo governo questiona a democracia e as eleições brasileiras”, afirmou a fonte, sob condição de anonimato.
A cúpula tem como objetivo central o fortalecimento da democracia, o combate à desigualdade e o enfrentamento da desinformação. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva esteve presente na reunião preparatória do grupo, realizada no Chile em julho. Na primeira edição do evento, no ano passado, os Estados Unidos enviaram apenas um representante de segundo escalão do Departamento de Estado, ainda sob a administração de Joe Biden.
A primeira edição da cúpula, intitulada “Em defesa da democracia, combatendo o extremismo”, buscou estabelecer uma plataforma de coordenação internacional contra o que os organizadores descreveram como um movimento global reacionário. Em uma declaração conjunta, Lula e Sánchez relembraram eventos como a invasão do Capitólio em Washington e os atos de 8 de janeiro em Brasília como exemplos de ações violentas que desafiam a alternância democrática.
A exclusão dos EUA também ecoa as políticas do governo de Donald Trump, cujo mandato inicial foi marcado pela assinatura de um decreto que proibia políticas de combate à desinformação, consideradas por ele como censura. Paralelamente, a cúpula debaterá a regulação das grandes empresas de tecnologia, um tema no qual Trump mantém uma oposição consistente, criticando legislações que exigem a moderação de conteúdo online.