O ex-presidente Jair Bolsonaro agora figura em um banco de dados internacional que cataloga líderes mundiais condenados por tentativas de golpe de Estado. A inclusão ocorreu após a decisão do Supremo Tribunal Federal (STF), que o sentenciou a 27 anos e 3 meses de prisão pela trama golpista para se manter no poder após as eleições de 2022.
Essa lista, mantida por pesquisadores da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) e da Universidade de Pisa, na Itália, reúne dados sobre chefes de governo condenados desde 1946. Batizada de “Chefes de Governo Condenados por Crimes” (HGCC), a plataforma busca analisar padrões e consequências de transgressões no mais alto escalão do poder.
De acordo com o levantamento, um total de 128 chefes de Estado já foram condenados por algum tipo de crime, resultando em 186 condenações. A condenação por tentativa de golpe coloca Bolsonaro ao lado de nomes como ex-ditadores gregos e generais sul-coreanos.
“O objetivo é entender como a Justiça lida com ex-líderes e quais são as implicações dessas condenações para a democracia”, explica um dos pesquisadores da UFSC envolvidos no projeto. A análise comparativa permite identificar semelhanças e diferenças nos processos e nas punições aplicadas.
Além de Bolsonaro, a lista inclui figuras como Chun Doo-hwan (Coréia do Sul), condenado por envolvimento em golpe militar de 1979; Georgios Papadopoulos (Grécia), condenado por alta traição e insurreição em 1967; e Jeanine Añez (Bolívia), condenada por violação de deveres e resoluções contrárias à Constituição para assumir a Presidência em 2019. A lista completa demonstra que a tentativa de subversão da ordem democrática é um crime passível de punição, mesmo para aqueles que ocuparam o mais alto cargo da nação.