Bolsonaro Busca Diálogo Político na Prisão Domiciliar, Mirando Anistia para o 8 de Janeiro

A defesa do ex-presidente Jair Bolsonaro solicitou ao Supremo Tribunal Federal (STF) autorização para que ele receba visitas de figuras políticas influentes, enquanto cumpre prisão domiciliar. Os pedidos foram encaminhados ao ministro Alexandre de Moraes, relator da ação penal que o condenou por envolvimento na tentativa de golpe de Estado. A estratégia visa, segundo seus advogados, manter um canal aberto para discutir temas de interesse nacional, incluindo a polêmica Proposta de Emenda à Constituição (PEC) da Anistia.

Entre os nomes que Bolsonaro deseja receber, destaca-se o do deputado Rodrigo Valadares (União Brasil-SE), relator da PEC da Anistia na Comissão de Constituição e Justiça da Câmara. A proposta, defendida pela oposição, busca conceder anistia ampla aos condenados pelos atos de 8 de janeiro de 2023. Segundo a defesa do ex-presidente, a visita de Valadares seria crucial para um “diálogo pessoal” sobre o tema, demonstrando o interesse de Bolsonaro em influenciar o debate sobre a anistia.

Além de Valadares, foram solicitadas visitas do presidente do PL, Valdemar Costa Neto, do líder do PL na Câmara, Sóstenes Cavalcante, e do líder da oposição no Senado, Rogério Marinho (PL-RN). A defesa requereu que esses encontros ocorram semanalmente, com o objetivo de discutir “questões institucionais e de articulação política”. Alexandre de Moraes já havia negado um pedido anterior para visitas irrestritas, exigindo autorização prévia do STF para cada encontro.

Enquanto a defesa articula as visitas, o processo contra Bolsonaro avança no STF. A Procuradoria-Geral da República (PGR) está na fase final de apresentação das alegações finais contra o “núcleo 3” da denúncia, composto majoritariamente por militares da ativa e da reserva, além de um policial federal. Esse grupo é acusado de planejar ações para impedir a posse de Luiz Inácio Lula da Silva e até mesmo de preparar atentados contra autoridades. A expectativa é que o STF julgue todos os núcleos do processo ainda em 2025.

Paralelamente, no Congresso, a oposição intensifica a pressão pela votação da PEC da Anistia. Contudo, analistas políticos apontam que a proposta com maior probabilidade de aprovação beneficiaria apenas os condenados pelos atos de 8 de janeiro, excluindo Bolsonaro. Pesquisas recentes também indicam que a maioria da população brasileira se opõe a uma anistia ampla, o que pode dificultar a aprovação da PEC.