O longo mistério em torno da morte do pianista brasileiro Francisco Tenório Cerqueira Júnior, desaparecido em Buenos Aires durante a ditadura argentina, chegou ao fim. A Comissão Especial sobre Mortos e Desaparecidos Políticos (CEMDP) confirmou a identificação de seus restos mortais, quase 50 anos após seu desaparecimento em 18 de março de 1976. Na época, Tenório acompanhava Toquinho e Vinícius de Moraes em uma turnê pela América do Sul.
De acordo com a Equipe Argentina de Antropologia Forense (EAAF), o músico foi assassinado a tiros e enterrado como indigente em uma vala comum na periferia da capital argentina. A identificação foi possível através da datiloscopia, comparando as impressões digitais de um corpo encontrado em 20 de março de 1976, em um terreno baldio próximo a Buenos Aires, com os registros de Tenório.
“Foi possível estabelecer a confirmação da morte e o destino do corpo de Francisco Tenório Cerqueira Júnior, após a comparação das impressões digitais…”, declarou a CEMDP em nota. A Procuraduría de Crímenes contra la Humanidad realizou um levantamento de ações judiciais arquivadas entre 1975 e 1983, buscando identificar vítimas da violência estatal argentina.
A CEMDP informou que notificou a família do músico e se colocou à disposição para oferecer apoio. A comissão também acompanha outros casos relacionados à Operação Condor, aliança entre as ditaduras da Argentina, Bolívia, Brasil, Chile, Paraguai e Uruguai, que visava reprimir opositores políticos.
A colaboração internacional tem sido crucial para elucidar casos como o de Tenório. O procedimento da CEMDP envolve a coleta de dados datiloscópicos e amostras sanguíneas de familiares de desaparecidos políticos, facilitando a identificação e a busca por restos mortais, encerrando, assim, um capítulo doloroso na história das famílias e do país.